BR-163 nasce saturada
03/05/2012 11:26:38



Rodovia que ligará o Estado até Santarém (PA) é sonho antigo dos produtores, mas eixo não fará mais milagre

A conclusão da pavimentação da BR-163 até Santarém, no Pará, é um sonho acalentado por décadas em Mato Grosso e que se torna mais urgente na medida em que a produção agrícola estadual quebra recordes a cada nova safra. Com obras em andamento e previsão de conclusão para até 2014, o trecho dos sonhos demorou tanto para sair do papel que quando estiver em operação não será mais suficiente para impulsionar o potencial agrícola de Mato Grosso, já que estará apenas tirando cerca de 6 milhões de toneladas de grãos, especialmente soja, que hoje seguem para os portos de Paranaguá (PR) e Santos (SP).

A rodovia até Santarém (PR) nasce saturada. Será mais um corredor para a produção atingir seus principais mercados consumidores mundiais e uma opção para desafogar os principais portos do país. “A grande preocupação é que a BR-163 até Santarém não resolve o problema da logística estadual”, frisa o diretor-executivo do Movimento Pró-logística, Edeon Vaz. Ele completa dizendo que sem a pavimentação da BR-163 o Estado continuará “queimando” cerca de R$ 1 bilhão/ano com custos de frete e, sem o modal hidroviário, o custo anual segue em R$ 2 bilhões.

“Não estamos jamais desmerecendo a rodovia, até porque é estratégica para a competitividade da nossa produção, pois tem a capacidade de escoar cerca de 6 milhões de toneladas anuais, o que equivale a 150 mil carretas. No entanto, ela estará escoando uma produção que já existe. A 163 não é mais uma indutora para a expansão potencial de produção que o Estado tem e, por isso, permanece a urgente necessidade de se implantar hidrovias”, reforça Vaz.

Conforme dados do Movimento Pró-logística, a BR-163 até Miritituba, uma Vila formada no baixo Tapajós – margem aposta ao município de Itaituba (PA) – as obras estarão concluídas no ano que vem e até Santarém, em 2014. No total, o governo federal investirá R$ 2,3 bilhões nos dois trechos.

O sonho de baratear o custo logístico da produção mato-grossense desemboca nas hidrovias e em outra porção de projetos ferroviários e rodoviários que juntos demandarão investimentos de cerca de R$ 20 bilhões durante esta década. Como destaca Vaz, até 600 quilômetros é mais viável o transporte rodoviário, que em uma distância como esta acaba sendo mais competitivo frente ao ferroviário, que se torna vantajoso acima deste limite.

“Falta uma política definida para as hidrovias. A presidente Dilma Rousseff disse que 2012 seria o ano das hidrovias. Até agora nada aconteceu, mas torcemos para que seja”, lembra Ferreira Vaz.

Conforme matéria do Diário publicada no último domingo (29), se o produtor mato-grossense estivesse escoando hoje sua produção por meio da hidrovia Teles Pires-Tapajós estaria colocando no bolso R$ 8 a mais por saca de soja embarcada. Considerando as produções recordes da oleaginosa e do milho nesta safra, esse lucro resultaria em um impacto global de R$ 1,9 bilhão, cifras que se perdem atualmente e que poderiam estar circulando dentro do Estado apenas por meio da economia direta dos custos com o frete. No médio e longo prazos, a capitalização poderia chegar a R$ 2,2 bilhões em 2015 e a R$ 2,8 bilhões em 2020.

AÇÃO - Para tornar o rio Tapajós navegável acima de Miritituba são necessárias as construções de eclusas, comportas que funcionam como elevadores de água e que fazem as barcaças e navios subirem e descerem, favorecendo a navegação. Atualmente, existem projetos no Ministério de Minas e Energia (MME) para implantar, até 2018, três hidrelétricas no rio Tapajós, sendo uma em São Luiz do Tapajós, uma em Jatobá e outra em Chacorão. No entanto, estes projetos não preveem a construção das eclusas, “e nossa luta é incluir essa demanda para que as construções caminhem junto com os projetos de energia”. Ainda como destaca Ferreira Vaz, “o investimento ficará em torno de R$ 2 bilhões e essas eclusas são fundamentais para tornar os rios Tapajós e Teles Pires navegáveis”, aponta Ferreira Vaz.

Na teoria, como destaca o executivo, os estudos de viabilidade levam cerca de 18 meses para que o trecho avaliado seja observado tanto nas estações de seca quanto de chuvas. De acordo com o Plano Decenal do MME, as hidrovias sobre o rio Tapajós e a do Teles Pires estarão operando até 2018. “Já a hidrovia sobre o Juruena está fora do Plano e fica para além de 2020, numa avaliação bem otimista”, completa.

EXPANSÃO – “Os bons preços do mercado influenciam a incorporação de áreas degradadas, cuja previsão é atingir mais de 9 milhões de área plantada até a safra 2021/22. Entretanto, com a expansão induzida pelo ganho em infraestrutura poderemos adicionar outros 8,6 milhões de hectares e colher 26 milhões de toneladas de soja e 20,84 milhões de milho nos próximos anos”, frisa. “E somente com a 163, nem a menor das expansões de área será estimulada”.

Fonte: Diário de Cuiabá, 3 de maio

 

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