Milho transgênico: Sementes básicas devem chegar rápido ao mercado nacional
19/2/2008 09:30:22



Agronegócio começa a se preparar para a nova tendência

Será rápido o acesso dos produtores brasileiros às duas variedades de milho transgênico das multinacionais Monsanto e Bayer liberadas para venda pelo Conselho Nacional de Biossegurança nesta semana. A velocidade de chegada ao mercado, ainda neste ano em algumas regiões, é resultado de uma estratégia para acelerar o processo enquanto se desenrolavam brigas judiciais que emperraram a liberação durante 2007. Com isso, o registro no Ministério da Agricultura que desencadeia a multiplicação comercial das sementes estaria praticamente pronto.

Pesquisadores e indústrias acreditam que haverá oferta suficiente para atender a todo o mercado brasileiro em, no máximo, três anos, embora as empresas mantenham sigilo de seus planos comerciais. A expectativa é de que sementes básicas, já cultivadas em campos argentinos, sejam reproduzidas de forma acelerada. Segundo os técnicos, o uso de áreas com pivôs também garantirá a produção de sementes duas vezes ao ano.

Segundo o vice-presidente da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem), Narciso Barison Neto, cada hectare de semente multiplicada é suficiente para 500 com o grão.

No caso do milho, a produção está concentrada nas mãos das próprias multinacionais, que reproduzem, embalam e vendem o produto, reduzindo, assim, o poder de negociação de preço ao produtor. Na safra 2006/2007, a saca de semente híbrida, usada por 80% dos produtores, variou entre R$ 100 e R$ 200.

Para o presidente da Comissão de Grãos da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul, Jorge Rodrigues, o produtor terá de confrontar preço com as compensações: aumento de produtividade e redução do uso de herbicidas. "O custo de acesso terá de ser compatível com o ganho de produtividade. Tecnologia tem preço".

O setor avalia que o ritmo da migração será gradativo. Tudo dependerá do posicionamento da indústria de transformação de proteína vegetal e animal, afirma Barison, que projeta o mercado. "Os agricultores que segregarem sairão ganhando. Haverá nicho de mercado para o produto convencional, por exemplo, na Europa. Apesar da ponderação de agrônomos de que é impossível manter áreas com grão convencional e modificado sem contaminação, pesquisadores dizem que isso é possível com alternação de períodos de plantio", afirma Barison.

Ao contrário do que ocorreu com a soja não deverá haver pirataria. No milho, ao multiplicar a semente em casa, o produtor terá uma planta com menor vigor, reduzindo sua produtividade em até 30%, explica o pesquisador Ernesto Paterniani, professor aposentado da Escola Superior de Agricultura Luiz Queiroz.

Fonte: Porkworld, 15 de fevereiro

 

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