Saca já caiu R$ 5 sem colher o grão e não há lavoura ruim
10/05/2012 08:24:50



Nesta semana, Aprosoja/MT vai novamente tentar, em Brasília, contratos de opção

Enquanto o produtor mato-grossense não colhe o milho, que entra na reta final de desenvolvimento das lavouras, o grão começa a colher o ônus de uma produção que promete se transformar na melhor e maior de todos os tempos no Estado. Sem se colher nenhum grão, a saca já caiu R$ 5 na semana passada e a projeção é de que a produção atinja 12 milhões de toneladas, volume que, se confirmado, supera o recorde previsto de 10,7 milhões. “Tenho andado por todo o Estado e não vi uma lavoura ruim e isso, aliado ao preço em declínio, nos preocupa, porque para a saca cair para R$ 10 é daqui pra ali”, alerta o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja), Carlos Fávaro.

Com a certeza de uma produtividade superior em relação às safras passadas – que deve passar de 80 sacas por hectares, ante 74 da safra 2010/11 marcada pela seca – e o registro de quedas significativas e seguidas das cotações, Fávaro espera por uma agenda nesta semana, para mais uma vez, em Brasília, reiterar a necessidade da realização da oferta de Contratos de Opção de Venda, ao Ministério da Agricultura (Mapa). O pedido inicial foi feito ainda em dezembro, quando o segmento apostava numa safra positiva, mas nem de longe tinha a dimensão do que ela poderia se tornar. Quando a Aprosoja/MT viu que mais de 90% desta segunda safra havia sido cultivada dentro da janela ideal de plantio – até o final de fevereiro – a entidade voltou a solicitar a intervenção governamental em abril, esperando que a portaria que autoriza o mecanismo de proteção de preços fosse publicada dentro daquele mês. “A oferta dos contratos depende de uma portaria interministerial, Fazenda, Planejamento e Agricultura. Neste último está tudo certo, é na Fazenda que emperra. Precisamos convencê-los dessa necessidade”, frisa Fávaro.

No começo de abril, quando o Diário relatou com exclusividade a necessidade da intervenção, Fávaro dizia que o limite para os Contratos serem ofertados era o começo de maio, “porque depois disso a pressão sobre as cotações poderia prejudicar mais o produtor e o mercado de modo geral”, e ele tinha razão. “Estamos perdendo R$ 5 sem colher nada, imagina quando vier a colheita, período que força os preços para baixo, devido à oferta. Mais uma superoferta”, sentencia.

O presidente da Aprosoja/MT conta que a saca que chegou a R$ 21 passou a R$ 18, R$ 16 e R$ 15. “Como para esta safra havia previsão de clima e com a antecipação do plantio e colheita de soja, o produtor investiu no milho, adubou, comprou sementes de primeira linha e por isso a saca está com um custo médio de cerca de R$ 12 no Estado e se chegar a R$ 10, no mercado, nem preciso falar o que vai acontecer”.

CONTRATOS - Como define a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Contrato de Opção é uma modalidade de seguro de preços que dá ao produtor rural e/ou sua cooperativa o direito - mas não a obrigação - de vender seu produto ao governo, numa data futura, a um preço previamente fixado. Serve para proteger o produtor rural e/ou sua cooperativa contra os riscos de queda nos preços.

No caso de Mato Grosso, cuja infraestrutura é precária, a superprodução pode trazer à tona o temor dos produtores em relação ao milho: a estocagem do cereal a céu aberto, por falta de armazéns e espaços disponíveis, situação repetida várias vezes ao longo das últimas safras.

Fávaro destaca que o Contrato de Opção é um instrumento estratégico de salvaguardar preços e garantir estoques públicos, sem que o governo federal tenha de desembolsar grande volume de recursos. “Quando são compras emergenciais e leilões, o governo gasta muito mais e se demorar para sair esta portaria restará à União optar pelos mecanismos mais caros”, destaca Fávaro. Como completa o ruralista, a Opção é a melhor forma, pois se no momento do vencimento o preço de mercado estiver atrativo o produtor não tem a obrigação de vender ao governo e nem o governo tem a de comprar. “É o instrumento mais estratégico para este momento. Momento em que queremos precaver a produção de problemas. A portaria interministerial tem de ser publicada logo. Em maio começamos a colher e se demorar muito, a conta ficará mais cara”.

Fonte. Diário de Cuiabá, 8 de maio

 

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