Superprodução pressiona preços do milho
21/05/2012 16:20:29



A expectativa de safra recorde de milho segunda safra, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos e na Argentina, tem pressionado para baixo os preços da commodity. Tendência natural do mercado, a especulação deve diminuir com o início da colheita. Segundo especialistas, a comercialização antecipada e o alto índice de consumo interno e externo devem manter as cotações elevadas. Pesquisa da Céleres mostra que, pela primeira vez em 10 anos, a produção de milho ultrapassou a de soja no Brasil, resultado dos prejuízos climáticos causados à oleaginosa e da alta rentabilidade do milho.

Na semana passada, o agricultor paranaense recebeu, em média, R$ 20,70 por saca de 60 kg de milho. A maior média registrada até agora nesta safra foi de R$ 23,07, em fevereiro. O economista do Departamento de Economia Rural (Deral), Marcelo Garrido, alega que a redução nos preços apresentada nas últimas semanas é resultado do aumento significativo das produções paranaense, sul-mato-grossense e norte-americana de milho, que resultaram em uma safra mundial do grão estimada em 945,8 milhões de toneladas em 2012/13, volume 8,7% superior à safra anterior.

O último levantamento do Deral indica que a segunda safra de milho no Paraná deve somar 9,97 milhões de toneladas. A estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é de que os produtores de milho do Mato Grosso do Sul colham um total de 11,39 milhões de toneladas do grão. ''Isso é um reflexo do aumento da oferta do produto esperada para o segundo semestre deste ano. Especulação existe no mercado em geral, mas o consumo interno de milho é muito grande e, assim, fica difícil mensurar o quanto a safra vai impactar no preço'', justifica. Até o momento, 1% do milho safrinha já foi colhido no Estado e a avaliação do Deral é de que 87% das lavouras estão em boas condições, enquanto 12% em média e apenas 1% em condições ruins.

De acordo com o engenheiro agrônomo e coordenador regional de vendas da Biomatrix, Antônio Benedetti Junior, essa movimentação no mercado é comum no período que antecede a colheita da safra. ''Assim que se define o teto de produtividade esperada, tem início a especulação. Na 'boca de safra' os preços caem, mas depois voltam à normalidade'', justifica. Ele afirma que a tendência para os meses de julho, agosto e setembro é de que os preços comecem a subir novamente. O agrônomo alega que o impacto do aumento da área plantada com milho nos Estados Unidos deve ser amenizado pelo fato de que grande parte do produto será destinado à produção de etanol.

Exportações

Benedetti Junior revela que, somente no primeiro quadrimestre deste ano, a China já importou 1,4 milhão de toneladas de milho brasileiro, enquanto que, durante todo o ano passado, o Brasil exportou 9,5 milhões de toneladas do grão. Para 2012, a expectativa apontada pela Céleres é de que a importação da China tenha um acréscimo de 40% em relação ao ano passado, totalizando 7 milhões de toneladas. Além disso, novos players representam uma abertura ainda maior do mercado externo para o produto. Balanço da Céleres estima que o consumo mundial de milho deve chegar a 921 milhões de toneladas, 6,2% superior à safra 2011/12.

O agrônomo explica que o crescimento das exportações, aliado à demanda interna dos segmentos da avicultura e pecuária, deve sustentar os preços. Para ele, o bom momento vivenciado pela cultura do milho no País deve se manter nos próximos anos e os produtores devem continuar animados diante da expansão do consumo mundial da commodity, inclusive por economias em ascensão, como China e Índia. No entanto, entre janeiro e abril deste ano, o Brasil exportou 1,5 milhão de toneladas do grão, volume 44% menor do que o comercializado no mesmo período do ano passado. Desse total, 66,9% são originários do Paraná, estado líder nas exportações.

Fonte: Zoonews, 20 de maio

 

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