Estrago causado pela seca nos EUA ainda não foi incorporado aos preços, diz Itaú
13/08/2012 09:19:13



Analistas dizem que efeitos do clima não foram totalmente calculados e estimam que o milho ficará 30% mais caro até dezembro, enquanto a soja deve subir 10%

A seca que vem destruindo as plantações nos Estados Unidos deverá afetar ainda mais os preços das commodities agrícolas. Na opinião de analistas do Itau Unibanco, os reajustes já realizados ainda não incorporam totalmente o estrago que o clima vem causando nas colheitas norte-americanas. Eles calculam que o preço do milho ainda deve subir 30% até o final do ano, enquanto a soja deve ficar 10% mais cara. O trigo, afirmam, deve acompanhar a tendência de alta do milho, pois os dois são substituíveis.

Esse aumento deve ocorrer, segundo os analistas, pois o clima, principal fator de volatilidade nos preços agrícolas, tem sido bastante hostil às plantações. A seca nos Estados Unidos é uma das piores dos últimos 50 anos. Nos últimos três meses, as chuvas no Cinturão do Milho, que é a principal região produtora de milho e soja dos EUA, ficaram de 50% a 70% abaixo da média, diz o Itaú. Além disso, a temperatura ficou de 1 a 3 graus Celsius acima do normal, com média de 28 graus em julho, elevada para o verão da região.

No relatório “Preços dos grãos: mais altas por vir”, os analistas do banco mostram que o efeito disso é perverso. Eles citam o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), que avalia que as condições das plantações de milho e soja estão péssimas.

Em uma escala que vai de muito ruim a excelente, passando por ruim, razoável, boa, o milho tem 50% de avaliação ruim ou muito ruim, o que significa colapso total ou quase total (muito ruim) ou grandes perdas no potencial de produtividade (ruim). Com isso, os analistas do Itau estimam uma queda de 26% na produção total do grão, lembrando que os EUA produzem quase um terço do milho do mundo. “Os estoques globais podem encolher para 11% do consumo total em 2012-13, o menor nível da série iniciada em 1962,” dizem.

Para a soja, a avaliação do USDA é de 39% de qualidade muito ruim ou ruim. Assim, os analistas esperam uma queda de 12% na produção norte-americana. “Os estoques no Brasil e na Argentina já estão muito baixos, e a produção menor dos EUA vai levar a estresse nos estoques globais no fim de 2012, com necessidade de ajuste na demanda,” acrescentam.

Mesmo se o clima voltar ao normal nos EUA, os analistas não veem motivo para otimismo. Segundo eles, os danos são praticamente irreversíveis para o milho. “A deterioração climática pegou em cheio a fase mais critica de desenvolvimento das espigas,” dizem. Para a soja, existe a possibilidade de alguma reversão de danos se as chuvas e temperatura favorecerem o plantio até o final deste mês. “Esta melhora de qualidade, porém não costuma ser substancial, pois grande parte dos danos já é definitiva,” acrescentam.

2013

A queda dos preços deve continuar em 2013, mas em um ritmo menor, na expectativa da equipe de análise macroeconômica do Itau. “Presumindo que a safra da América do Sul e a próxima safra dos EUA tenham produtividade próxima da média e que a área plantada de 2012/13 será mantida, acreditamos numa lenta reposição dos estoques, permitindo que os preços de milho e trigo recuem ao longo de 2013. Já o preço da soja deve permanecer pressionado mesmo depois de 2013, diante da queda dos estoques,” dizem.

Fonte: iG São Paulo, 11 de agosto

 

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