Lavoura de milho terá a menor área em 30 anos
06/09/06 09:55:07



O plantio de milho será o menor dos últimos 30 anos, segundo levantamento de consultorias de mercado. No Centro-Sul, principal região produtora, a queda na superfície cultivada deve chegar a 8%. Com isso, estimam-se 5,8 milhões de hectares com milho. Há três décadas, o País plantava 9,1 milhões de hectares do cereal na safra de verão, no Centro-Sul. O endividamento rural (ver abaixo) reduziu os níveis de investimentos dos produtores, que estão optando por grãos com custos menores. Por isso, é no Sul do País que o milho deve perder mais área para soja, onde os agricultores devem optar pelo plantio transgênico.

O agroempresário Herbert Barthes, de Rolândia (PR), está seguindo esta tendência. Na próxima safra, cujo plantio em sua região começa em meados deste mês, ele abandonará a área de milho e cultivará 20% menos de soja, utilizando o grão transgênico. Ele imagina um custo de até 20% menor em relação à oleaginosa convencional. "A vantagem é que eu gasto menos e, em caso de estiagem, não perco a safra quando aplico herbicida", diz Barthes. Segundo ele, os custos do milho frente aos preços não estimulam o plantio. Em sua região, o grão é comercializado a R$ 13,50 a saca (60 quilos) para um custo de R$ 15 a saca.

"Os produtores estão buscando a cultura com menor desembolso", explica Paulo Molinari, analista da Safras & Mercado. Segundo ele, o milho só é vantajoso quando a relação com a soja é menor que 1,8 sacas. Emerson Wohlenberg, analista do Instituto FNP, confirma a tendência do avanço da soja transgênica na área de milho. Dados do instituto, referentes à safra passada, mostram que o custo da soja transgênica é 8% menor que o da convencional e 21% inferior ao do milho, no Rio Grande do Sul.

André Debastiani, da Agroconsult, explica que, em julho, a tendência da troca do milho pela soja não era tão forte quanto agora. "O custo total da soja é inferior porque reaproveita a semente", explica o consultor. No entanto, segundo ele, com busca pelo menor desembolso, e o fato de o transgênico ficar mais barato, houve a troca. Com um cultivo menor, a estimativa é que, no próximo ano, o quadro de oferta e demanda seja ajustado. "O Brasil vai depender mais da safrinha", avalia Molinari.

A redução na superfície plantada com milho na safra de verão deste ano consolida uma tendência, nos últimos anos, desde que o Centro-Oeste passou a investir na segunda safra.

Plantio

O Rio Grande do Sul é o primeiro estado a iniciar o plantio de milho, que tradicionalmente começa em agosto. Este ano, porém, o cultivo está atrasado porque o clima frio no mês passado e algumas geadas danificaram o grão, que precisou ser replantado. Atualmente 12% da superfície foi cultivada, para uma média de 30%. Com isso, a colheita deve atrasar e haver um repique de preços próximo a janeiro do ano que vem.

Fonte: Gazeta Mercantil, 5 de setembro

 

Últimas Notícias
INDICADORES DE TENDÊNCIA CIMILHO (97): Milho: chove chuva, chove sem parar...
INDICADORES DE TENDÊNCIA CIMILHO (90): China em prol de uma agricultura mais verde, lição para o Bra
INDICADORES DE TENDÊNCIA CIMILHO (89): Etanol de milho com fôlego renovado
INDICADORES DE TENDÊNCIA CIMILHO (88): A retomada das exportações de milho no segundo semestre
INDICADORES DE TENDÊNCIA CIMILHO (87): Entendendo a lógica do comportamento dos preços e do mercado