Usda prevê forte redução do plantio de milho nos EUA
2/4/2008 11:04:39



O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda) divulgou ontem o esperado relatório de intenção de plantio mostrando uma área maior do que o estimado pelo mercado para soja e, como conseqüência, uma menor para o milho. O resultado é que a Bolsa de Chicago (CBOT) reagiu com forte oscilação das cotações - sobretudo para a soja que caiu 5,4%, segurando um pouco a alta do milho, que subiu 1,2%. E as conseqüências da menor produção de milho americana - que deve cair 6,3% para 311 milhões de toneladas - não se reduzem a perspectiva de mais alta no preço desse grão. No mercado fala-se em racionamento do uso no milho no país e na alta do preço do etanol, cenário que deve abrir oportunidades às usinas brasileiras, tanto em volume, quanto em valor negociado.

Segundo o Usda, os produtores americanos vão plantar na safra 2008/09 34,8 milhões de hectares de milho, 8,1% menos que os 37,9 milhões de hectare do ciclo anterior. O recuo foi para a soja, que terá cultivo em 30,3 milhões, cerca de 4,5% maior do que o esperado por analistas. E apesar da menor produção de milho, o consumo do grão continuará crescendo e, o resultado são estoques mais baixos.

Mas, para Fernando Muraro, da consultoria AgRural, as reservas não serão somente mais baixas. "Projetamos que em setembro de 2009, os estoques americanos de milho serão os mais baixos de toda a história", afirma o especialista. As projeções da AgRural apontam um estoque de 13 milhões de toneladas, suficientes para 14 dias de consumo. "O menor já observado foi na safra 1995/96 quando o volume era equivalente a 18 dias de demanda", acrescenta. Em setembro deste ano (safra 2007/08) os estoques estão estimados em volumes suficientes para 41 dias. E a projeção da AgRural, segundo Muraro, ainda está conservadora, ou seja, considerando que o consumo de milho nos Estados Unidos vai crescer apenas de 330 milhões de toneladas para 335 milhões de toneladas. "Em 2006/07, por exemplo, a demanda americana cresceu 40 milhões de toneladas", acrescenta Muraro. "Os EUA vão ter que racionar o uso do milho", avalia.

Etanol

Para analistas, o efeito desse cenário não deve ser uma produção menor de etanol, mas uma elevação nos preços desse combustível, o que abre mercado para o álcool brasileiro, que é mais competitivo em relação ao feito à base de milho. "O etanol vai ficar mais caro e dificilmente teremos recuo de demanda pois a mistura na gasolina é obrigatória nos EUA", diz Tarcilo Rodrigues, da Bioagência.

Ele explica que é difícil projetar a que patamar o preço vai chegar. "Atualmente, o etanol vale 20 centavos de dólar por galão do que a gasolina. Em 2006, chegou a valer 40 centavos. Talvez por aí esteja a referência", diz Rodrigues.

Fonte: Diário da Notícia, 2 de abril

 

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