MT pode ter ‘safrona’
08/05/2013 10:19:51



Produção de segunda safra, em pleno desenvolvimento no Estado, está sendo projetada como superior ao recorde histórico de 2012

MARIANNA PERES

Da Editoria

Se o preço da saca de milho vem tirando o sono dos produtores mato-grossenses pelo declínio contínuo observado desde janeiro, com quedas acumuladas em mais de 60% em Lucas do Rio Verde, por exemplo, no norte de Mato Grosso, pelo menos em relação ao desenvolvimento das lavouras a evolução é considerada muito boa, podendo – algo que nem era cogitado até março – superar o recorde histórico da safra passada, quando a produção aumentou mais de 100% em relação ao ano anterior, contabilizando 15 milhões de toneladas (t), o que tornou o Estado o maior produtor nacional de milho segunda safra.

Para a Agroconsult o otimismo vai mais longe. A consultoria estima um recorde de 19,4 milhões de t para a ex-safrinha mato-grossense.

Conforme levantamento divulgado ontem pela Expedição Milho Brasil 2013, Mato Grosso não apenas mantém a liderança na produção nacional, como amplia participação no total ofertado no país e mais: pode garantir o recorde sobre o recorde e atingir 15,90 milhões t, volume que supera em 5,5% a produção da safra 2011/12, em 15,08 milhões.

Se a projeção de nova ‘safrona’ se confirmar, das 40,85 milhões de toneladas estimadas ao país somente na segunda safra, Mato Grosso estará contribuindo com quase 40%, ante pouco mais de 38% no ano passado quando o Brasil colheu 39,11 milhões t.

Na semana passada, o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), havia revisado para cima o potencial produtivo das lavouras. Apesar de parte de a semeadura ter ocorrido fora da janela ideal, excedendo a fevereiro, o clima regido por boas chuvas contribuiu para o pleno desenvolvimento do cereal. Como relataram os analistas de grãos do órgão, os ganhos em produtividade devem aumentar ainda mais caso haja precipitação de chuvas nos próximos dias, se aproximando da média recorde da safra passada. “A estimativa atualmente é de 88 sacas por hectare (sc/ha), aumento de oito sacas em comparação à estimativa anterior. A maioria das lavouras de milho em Mato Grosso encontra-se agora na fase de enchimento de espiga e em muito bom desenvolvimento”.

RELATO DO CAMPO – A Expedição Milho Brasil 2013 conclui sondagem e estima safra recorde de milho de inverno, após percorrer os cinco principais estados produtores de milho segunda safra nas últimas semanas. O Brasil tem potencial para colher 40,58 milhões t, fazendo com que a produção das duas safras chegue a 76,88 milhões t.

O projeto percorreu sete mil quilômetros por Mato Grosso, Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás e São Paulo, para coletar dados junto a produtores, entidades e representantes da cadeia produtiva do milho. Foram consideradas todas as variáveis que impactam a produção para projetar os números da safrinha.

As chuvas bem distribuídas e o investimento feito pelos produtores na maior parte dos estados, devem fazer com se colham safras iguais ou até superiores às da temporada passada. No Paraná, por exemplo, a previsão da Expedição Milho, é que o estado colha 10,54 milhões t nessa safra, um aumento de 2,8% em relação ao ano passado.

A maior variação ficou por conta do Mato Grosso do Sul, onde a produção deve aumentar 25,3%, passando de 5,17 milhões de toneladas para 6,48 milhões t em 2013.

ALERTA - Apesar da grande oferta do produto no mercado, o avanço de comercialização está bem abaixo do esperado. As vendas do cereal evoluem em ritmo 50% menor do que nesta época do ano passado, constatou a Expedição Milho.

O fraco desempenho é motivo de preocupação por parte dos produtores. O Brasil terá uma safra total de milho de 76,88 milhões t em um ano em que os maiores produtores e fornecedores do cereal estão se recuperando de problemas na safra, caso dos Estados Unidos, onde o plantio segue atrasado, e que é fundamental para determinar o ritmo das vendas e preços do grão no mercado internacional. A previsão é que o Brasil feche 2013 com mais de 16 milhões de t armazenadas, o maior estoque da história.

“O milho só deve começar a ser escoado [para o exterior] a partir de agosto e setembro, o que preocupa muito, porque vai ser a mesma época em que os Estados Unidos começam a sua colheita”, destaca Otávio Celidonio, superintendente do Imea.

De acordo com levantamento realizado pela consultoria FCStone, o clima frio e úmido no cinturão do milho norte-americano nos últimos dias, dificultou o plantio. A perspectiva é que 80% das lavouras sejam plantadas após 15 de maio, caracterizando atraso recorde, mostra o relatório.

PROJETO – A Expedição Milho Brasil 2013 é um projeto idealizado pelo núcleo de Agronegócio da Gazeta do Povo, consultoria INTL FCStone e Imea, que conta com o apoio do Sicredi, Montana e Perfipar.

Fonte: Diário de Cuiabá, 8 de maio

 

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