Safrinha pode sair cara
18/10/2013 12:49:24



Para driblar o cenário pouco animador do milho, produtores cogitam segunda safra com a oleaginosa, alerta Aprosoja/MT

MARIANNA PERES
Da Editoria

A safra de soja, em Mato Grosso, está longe ainda de atingir o pico do plantio, mas os produtores já estão de olho na segunda safra e mais uma vez, uma safrinha com a oleaginosa passa a ser cogitada e coloca em alerta as autoridades sanitárias, visto que o plantio sequencial da mesma cultura pode agravar o ambiente fitossanitário estadual, ou seja, ampliar a incidência de graves pragas e doenças como a ferrugem asiática e a lagarta Helicoverpa.

No ano passado, a ‘ameaça’ de uma safrinha de soja foi motivada pelo bom momento de preços à commodity, acima do lastro histórico. Neste ciclo, a safrinha seria uma forma de driblar o cenário desmotivador para o milho em 2014, onde a oferta derruba os preços e os custos se mostram bastante elevados.

Como alerta a Associação dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja/MT), fundamentos para o mercado do milho em 2014, estão levando sojicultores a vislumbrarem a possibilidade de cultivar soja sobre soja. “Os baixos preços no mercado do milho podem resultar em uma segunda safra preocupante para os produtores de Mato Grosso. Isso porque, no momento, a produção está inviabilizada em algumas regiões do Estado, pois o atual preço não cobre o custo de produção”. De acordo com produtores visitados pelas equipes do Circuito Tecnológico, muitos devem fazer safrinha de soja quando normalmente se planta milho ou algodão, ou ainda outras espécies para que haja a rotação de culturas, entre elas girassol e milheto.

Outro fator para que a safrinha de soja ocorra é o regime de chuvas. Com o atual cenário, o produtor verifica que haverá prejuízos na safra de milho. Porém, segundo o diretor técnico da Aprosoja/MT, Nery Ribas, é preciso pensar à frente. “O produtor precisa levar muita coisa em conta: o custo benefício, a viabilidade econômica e técnica”, orienta.

Caso o produtor opte por fazer a segunda safra de soja, ele também corre o risco de ter um alto custo devido aos diversos tratamentos fitossanitários que terá de fazer, tanto contra doenças como para pragas. “Sem essas aplicações a colheita é inviabilizada, ou seja, se plantar tem que cuidar da melhor forma para que gere a receita que motivou a opção por uma safrinha com soja”, explica.

Segundo ele, nos três últimos anos a prática vem acontecendo e os produtores estão tendo resultado que dentro dos seus custos é viável, mas não necessariamente indicado do ponto de vista agronômico.

ALERTA - O fitopatologista e pesquisador há mais de 40 anos, José Tadashi Yorinori, que também integra a equipe do Circuito, alerta sobre o risco de aumentar a incidência de pragas nas próximas safras devido à ponte verde que deve se formar quando se dá continuidade com a mesma cultura. Sem este intervalo de tempo, a lavoura fica suscetível a doenças e pragas. A ponte verde quer dizer que entre uma safra e outra existem plantas vivas no solo que dão condições aos fungos e lagartas, por exemplo, de se manterem vivos à espera da próxima safra.

“A safrinha vai receber todo rescaldo da produção de verão, tanto da ferrugem e agora também da Helicoverpa, que pode formar uma ponte verde que geraria muito prejuízo”. Nery explica que as pragas estarão no seu auge de incidência nas lavouras após a colheita, no caso da safrinha, que logo pode passar facilmente para a safra de verão.

Segundo Tadashi, o impacto, nessa atual safrinha de soja que pode se formar, será menor por causa do vazio sanitário, mas as sojas guaxas geradas após a colheita e as chuvas manterão estas plantas vivas. Consequentemente, segundo ele, haverá um aumento de risco de infestação. “Aumenta porque vamos ter um período maior de soja que poderá multiplicar a população de Helicoverpa, isso é um risco”, alertou. Ele também frisou a dificuldade de ainda se controlar a praga e até mesmo de identificá-la, por isso, é preciso ter cautela.

OPÇÃO - Na opinião dele, é melhor o produtor caprichar no preparo do solo para safra seguinte, mesmo que não plante o milho por conta da expectativa de preço baixo, mas que faça então uma cobertura. “O agricultor brasileiro hoje que tem o benefício de plantar soja e ganhar dinheiro com soja, diferente dos Estados Unidos que valoriza muito mais o milho, tem que fazer o melhor possível para ter a melhor safra de soja. Isso porque milho está arriscado tanto por seca, preço, armazém, transporte, e os Estados Unidos produzem o cereal muito bem”, finalizou ele.

CIRCUITO - A expedição é uma realização da Aprosoja/MT e Serviço de Aprendizagem Rural (Senar/MT). O grupo é formado por oito equipes que visitaram no total 600 propriedades nas regiões produtoras de soja. (Com assessoria Aprosoja/MT)

Fonte: Diário de Cuiabá, 18 de outubro

 

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