Como fica o agronegócio?
5/5/2008 14:01:23



Especialistas divergem sobre os efeitos da elevação do País ao grau de investimento e seus efeitos no agronegócio

Uma faca de dois gumes, como se costuma falar. A elevação do Brasil ao grau de investimento, pela agência de risco Standard & Poors, pode gerar impactos positivos, mas também negativos, para o setor do agronegócio, um dos mais competitivos do País no mercado internacional. ´A mudança vai atrair mais capitais e infra-estrutura aos setores, e o agronegócio tem probabilidade avantajada de ser beneficiado, dando um retorno mais rápido´, explica o superintendente do Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (Etene) do BNB — instituição fortemente ligada ao setor —, José Sydrião de Alencar Júnior.

Sydrião de Alencar destaca que o Brasil possui grande capacidade de expansão da área cultivada, além de estar se destacando na área de biocombustíveis, atividade que gera interesse de investidores internacionais. Isso fora a pecuária e a produção de grãos, onde o País se coloca em posição privilegiada de competitividade.

Esse aporte de recursos estrangeiros tem a possibilidade de ocasionar um impacto direto no bolso dos consumidores brasileiros, trazendo economia exatamente nos gastos que mais pesam no orçamento familiar: a cesta básica. ´Maiores investimentos irão gerar uma maior produção de alimentos, o que pode representar, talvez, uma queda nos preços desses produtos´, acredita Alencar.

Desestímulo

Mas as previsões não são de todo positivas. Apesar de acreditar que a elevação do grau de investimento proporcionará um maior incentivo à presença de capital estrangeiro no País, o presidente da Agrishow — maior feira do setor no Brasil e a terceira maior do mundo — e ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, aponta um provável desestímulo ao produtor rural.

´O aumento do volume da entrada de dólares no País será mais um fator que deverá valorizar o real frente à moeda americana, podendo levar a uma perda de renda dos produtores rurais´, afirma.

Para ele, a ´enchente de moeda americana´ por aqui fará com que os agricultores e pecuaristas enfrentem uma perda na sua competitividade internacional por conta da questão do câmbio valorizado. Os mais prejudicados com isso seriam os produtores de soja, milho, entre outras culturas que possuem forte destinação ao mercado exterior.

O diretor geral do Instituto Frutal, Fernando Martins, concorda em parte com o ex-ministro. ´Apenas setores como pecuária, processamento de grãos e produção de cana-de-açúcar poderiam sair prejudicados´.

Fonte: Diário do Nordeste, 4 de maio

 

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