Plantio ‘além da janela’
06/03/2014 13:28:34



Momento mais favorável ao desenvolvimento do cereal se foi e 820 mil hectares da estimativa inicial aguardam cobertura

MARIANNA PERES

Da Editoria

O sinal amarelo se acendeu nas lavouras mato-grossenses, com a virada do mês. Preocupados com as condições climáticas que ainda impedem e retardam a colheita da soja, os produtores se deparam com problemas para a formação da segunda safra no Estado que pode ficar menor do que o projetado e sofrer as ameaças de um plantio tardio, o que impactará diretamente sobre a produção e a produtividade.

Como alerta o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), “o mês de fevereiro se foi e com ele a expectativa dos produtores de adiantar a semeadura do milho segunda safra dentro da ‘janela ideal’”. O termo indica que entre um período e outro há o melhor momento para o pleno desenvolvimento de uma lavoura, considerando as condições climáticas e de luminosidade adequadas. Ainda como reforça o Imea, ao contrário do registrado no ano passado, quando o Estado registrou a maior área semeada até final de fevereiro, a semeadura do milho neste ano encerrou o mês com apenas 74,7% da área prevista em 3,2 milhões de hectares semeada.

“Apesar de as chuvas terem dado uma trégua na última semana, favorecendo assim a entrada das máquinas em campo, a semeadura desta temporada está com atraso de 13,1 pontos percentuais (p.p.), ou 830 mil hectares em relação ao ano passado. Aproximadamente 821 mil hectares de milho serão cultivados em Mato Grosso fora da ‘janela’ considerada ideal pelos produtores, deixando para trás as condições climáticas mais favoráveis para o seu desenvolvimento”. O primeiro impacto deste atrasado é o risco iminente de perda do potencial produtivo da segunda safra. “A produtividade média aguardada para 87,6 sc/ha neste ano pode ser afetada”.

Em março, o Imea pretende realizar uma nova estimativa da safra de milho 2013/14, na tentativa de quantificar o impacto deste cenário na intenção de área e produtividade. Até o momento se esperada a cobertura de 3,24 milhões de hectares no Estado e uma produção de 17 milhões de toneladas. Ambos os números são inferiores aos registrados na safra 2013, -12,46% e -24,39%, respectivamente.

“O produtor fica neste momento à mercê do clima para conseguir finalizar o quanto antes a sua semeadura na tentativa de contabilizar bons rendimentos nas lavouras. Entretanto, as previsões do Somar Meteorologia é que o ritmo das chuvas apenas se reduza a partir da segunda quinzena de março”. As chuvas que retardam a semeadura do milho são as mesmas que atrasam a colheita da soja. Em Mato Grosso a oleaginosa é o carro-chefe do segmento e a principal opção para plantio de verão. Algodão, milho (principalmente), sorgo e girassol, por exemplo, são culturas de segunda safra e que vão sendo semeadas na medida em que a soja é colhida, por isso o desempenho de um interfere diretamente no outro.

MERCADO - Na última semana as cotações do milho na Bolsa de Chicago apresentaram alta semanal de 1%, encerrando a semana com o cereal cotado a US$ 4,58/bushel para mar 2014 e US$ 4,68/bushel para setembro 2014. Apesar de a relação estoque/consumo mundial da safra 2013/14 estar em patamares elevados, a demanda aquecida no curto prazo sustenta os preços. Na última semana o contrato de março 2014 apresentou elevação mensal de 6% e o de setembro 2014 elevação de 5%. Na semana passada o Fórum Anual Outlook divulgou que a área mundial do milho na temporada 2014/15 será reduzida nos Estados Unidos em 1,38 milhão de hectares, perdendo espaço para culturas como soja e algodão. Porém, a produtividade esperada é uma das maiores da história, impulsionando a produção total do país. O que impactou em uma menor elevação no preço de setembro comparado a março.

Fonte: Diário de Cuiabá, 6 de março

 

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