Frangos morrem de fome em SP e Frango Forte atribui problema à crise internacional
14/10/2008 10:31:09



São Paulo - Milhares de frangos estão morrendo de fome na região sudoeste de São Paulo por falta de ração. Pelo menos 37 mil já morreram e outros 4 milhões correm o risco de morrer por não ter o que comer. O problema começou há pelo menos 10 dias, quando a Frango Forte, uma das principais produtoras de carne de frango do estado, deixou de fornecer ração para as granjas integradas. Pelo sistema de integração, as granjas recebem os pintinhos e a alimentação e se encarregam de cuidar deles até o abate, feito em 40 ou 45 dias.

Em Capela do Alto, a 126 km de São Paulo, um produtor começou a distribuir gratuitamente dezenas de frangos. Ele alega ter perdido 12 mil aves; outras 4 mil de sua granja estão sem ração há uma semana. Na cidade de Porangaba, a 170 km da capital, os frangos também são distribuídos de graça para a população. Em uma das criações, o produtor disse já ter perdido mais de 25 mil frangos.

A Frango Forte afirma que o aumento no preço da ração e a crise internacional, que secou o crédito para o setor, são as causas da falta de ração. O preço da saca de milho, que a empresa pagava R$ 19 no ano passado, passou para R$ 35, 84% a mais.

Segundo a Associação Paulista de Avicultura, o preço da ração, à base de milho e soja, aumentou 70% este ano.

A Frango Forte exporta cerca de 30% de sua produção e tem pelo menos 250 granjas integradas.

- A redução de crédito dos bancos tornou a situação mais dificil. Toda a diretoria está empenhada em conseguir recursos para resolver o problema - diz um funcionário da Frango Forte que prefere não ser identificado.

Em nota, a Frango Forte confirma os problemas com a crise e com a alimentação dos frangos. "A empresa vinha operando com certa dificuldade em razão da crise especulativa no valor do milho que é a matéria-prima principal que compõe a ração do frango. Porém, a empresa vinha superando estas dificuldades quando de forma inesperada o crédito do mercado financeiro foi suprimido em razão da conhecida e notaria crise mundial do sistema financeiro. Com esta crise houve escassez de recurso financeiro dificultando as operações de crédito da empresa", diz a nota.

Na nota, a Frango Forte reafirma que está buscando medidas que reduzam os prejuízos dos criadores e mantenha a qualidade do produto ao consumidor. Ressalta ainda que está em plena atividade.

O aumento nos preços da matéria-prima e a redução do crédito não foram os únicos problemas da empresa este ano. Em janeiro passado, a produção da Frango Forte foi paralisada pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa) do Ministério da Agricultura depois de denúncias de que a empresa adicionava água acima dos 20% permitidos pela legislação no frango temperado. As suspensão de vendas atingiu as três unidades.

O Ministério disse que já havia problemas anteriores na linha de produção e determinou a revisão de todos os programas de autocontrole e registros dos monitoramentos.

O percentual de água em aves vendidas in natura é de 6% no resfriamento. No caso das temperadas, além dos 6% os frigoríficos podem adicionar até 20% de salmoura (água com tempero) nos frangos.

Fonte: O Globo on-line, 13 de outubro

 

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