O milho Bt chegou. E agora?
6/11/2008 09:00:37



Do ponto de vista tecnológico, um alívio ao produtor rural, com a promessa de reduzir custos e facilitar o manejo da lavoura. Mas quando o assunto é mercado, consumo e segregação, ainda falta informação. No Paraná e no Brasil, o ciclo 2008/09 é o primeiro a incorporar, legalmente, o cereal geneticamente modificado (GM).

Como a liberação dos primeiros materiais ocorreu na metade do ano, não houve tempo hábil para multiplicação de sementes. Não existe uma estatística oficial, mas a área coberta deve atingir apenas cerca 4% da extensão cultivada com milho de verão no Brasil (9,5 milhões de hectares, segundo a Conab). O Bt contém o gene de uma bactéria, o Bacillus thuringiensis, que elimina os insetos e combate a lagarta-do-cartucho.

A Associação Paulista de Produtores de Sementes (APPS) calcula que existe material disponível para cultivar 400 mil hectares no país. Mas nem toda a semente colocada no mercado será utilizada, pois o produtor aproveitou as condições climáticas favoráveis e antecipou o plantio do milho. Com isso, parte da semente chegou quando as operações de plantio já haviam sido iniciadas.

Para a safrinha de milho, que começa a ser plantada no final de janeiro, o secretário-executivo da APPS Cássio Camargo acredita que será diferente, pelo menos em relação à oferta de sementes Bt, que deve ser ampliada significativamente. “O milho GM vai se expandir muito mais rapidamente que a soja. O interesse do produtor pelo cereal transgênico é muito grande e há híbridos adaptados para todas as regiões produtoras”, afirma o dirigente.

Enquanto isso, na base, a cadeia produtiva se divide nas orientações ao produtor rural sobre o plantio do milho GM. Entre os produtores entrevistados pela Expedição Safra nas últimas duas semanas, é quase unânime a avaliação de que o Bt terá grande expansão nos próximos cultivos. Mas ainda não há uma decisão com cálculos definitivos de área.

Enquanto isso, na base, a cadeia produtiva se divide nas orientações ao produtor rural sobre o plantio do milho GM. Entre os produtores entrevistados pela Expedição Safra nas últimas duas semanas, é quase unânime a avaliação de que o Bt terá grande expansão nos próximos cultivos. Mas ainda não há uma decisão com cálculos definitivos de área.

Na área da Coamo, com sede em Campo Mourão (Noroeste), o gerente de unidades Antônio Carlos Ostrowski estima que na safrinha a semente Bt deve estar presente em mais da metade de sua área de atuação. Na Batavo, em Carambeí (Campos Gerais), os cooperados foram avisados que a cooperativa não vai nem receber o milho Bt. A Agrária, em Guarapuava (Centro-Sul), referência nacional em produtividade do cereal – média de 10 mil quilos/hectare –, antecipa-se à polêmica e prepara a segregação do grão. Vai receber e permitir entre seus cooperados o cultivo de milho GM e convencional.

Ao produtor, restam várias dúvidas, que só devem ser esclarecidas à medida que a introdução da tecnologia for ocorrendo e o mercado se ajustando, seja do milho destinado à alimentação humana ou animal.

Indústria não vê problemas de mercado

Se o milho Bt irá ou não emplacar nos campos brasileiros nas próximas safras, só o tempo dirá. O importante é garantir ao produtor a liberdade de escolha, avalia o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho) Odacir Klein. “Apoiamos a liberação do plantio de variedades transgênicas, mas não vamos induzir ao uso. Isso quem vai decidir é o agricultor.”

A liberdade de escolha é também a bandeira da indústria de processamento do grão. Segundo a Abimilho, associação que representa o segmento, quem vai definir se há ou não mercado para o produto transgênico é o consumidor. No setor de rações animais, pelo menos a princípio, não há restrições ao uso do cereal GM, diz o presidente, Nelson Kowalski. “A soja geneticamente modificada, que compõe até 40% da ração animal, é usada há cinco anos pela indústria. Não teria porque barrar o uso do milho Bt”, argumenta.

A Abramilho também considera que não deve haver restrições de mercado. Klein lembra que, no final do ano passado, quando a indústria de rações para aves e suínos temia falta de milho, avicultores e suinocultores do Norte do país solicitaram à CTNBio a liberação da importação de 2 milhões de toneladas de milho transgênico da Argentina. “Quem faz um pedido desses não tem restrições à transgenia.”(LG)

Gazeta do Povo

 

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