Preço mínimo proposto pela Conab não cobre nem custos de produção
28/11/2008 10:23:10



Tribuna do Interior - A crise vivida pelos produtores de milho no País, desencadeada pela queda nos preços do cereal, estoques elevados e redução na exportação do produto, esteve em discussão nessa semana, durante audiência pública promovida pela Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, em Brasília. Além de analisar as causas que desencadearam a crise, deputados, representantes de cooperativas e do governo federal debateram sobre algumas medidas para combater o problema. Uma delas é o aumento do preço mínimo da saca do grão em 2009.

A proposta apresentada pelo superintendente de Gestão da Oferta da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Carlos Eduardo Cruz Tavares, é de aumentar o preço mínimo de forma regionalizada. O valor da saca passaria de R$ 14 para R$ 16,50 no Sul e no Sudeste; de R$ 11 para R$ 13,20 em Mato Grosso e Rondônia; e de R$ 14 para R$ 19 no Nordeste.

Apesar da disposição do governo em apoiar os produtores de milho, o analista econômico do Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), Robson Mafioletti, que participou da audiência, representado a OCB - Organização das Cooperativas Brasileiras, sugeriu um preço mínimo maior, de R$ 19,06, para a saca do milho produzido no Paraná. "O valor de R$ 16,50 proposto pela Conab está abaixo dos custos de produção, que é estimado pela própria Conab em R$ 19,06/saca de 60 kg. A atuação do governo será decisiva para enxugar a oferta e sinalizar preços", afirmou.

Durante a audiência, o superintendente da Conab disse ainda que existe a intenção de dar aos produtores a opção de compra de 2 milhões de toneladas de milho. Os agricultores poderiam, assim, vender essa produção para o governo ou para o mercado.

Recursos

De uma forma geral, o governo pretende, em 2009, reservar R$ 2,5 bilhões para a política de garantia de preço mínimo dos mais diversos produtos da agricultura brasileira. A proposta orçamentária do próximo ano já contempla R$ 1,5 bilhão para essa finalidade, segundo o coordenador-geral de Cereais e Culturas Anuais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Silvio Farnese. No entanto, como essa proposta foi elaborada antes da crise financeira mundial, o governo espera agora que os parlamentares aprovem um aporte extra de R$ 1 bilhão para garantir a comercialização dos produtos.

Queda de preços

Ao traçar um cenário sobre a produção e o mercado de milho no Brasil e no mundo, o analista Robson Mafioletti destacou a forte queda nas cotações internacionais do cereal. "A redução já chega a 45% na Bolsa de Chicago. No início de julho, as cotações atingiram uma média de US$ 7,50/bushel e em 18 de novembro fecharam a US$ 4,10/bushel", disse.

Segundo ele, os problemas que afetam o setor são puxados pela redução dos preços do Petróleo, que afeta fortemente as cotações internacionais do milho e a também a demanda para produção de etanol nos Estados Unidos; pela redução do alojamento no setor de carnes (aves e suínos), fator que também irá reduzir sensivelmente o consumo de milho; e por problemas de armazenagem da safra de verão a partir de final de janeiro de 2009 (estoques elevados de milho e trigo).

O analista lembrou ainda que o Brasil colheu na safra 2007/08 uma safra de 58,62 milhões de toneladas, produção que resultou de uma área plantada de 14,7 milhões ha. No entanto, enquanto em 2007 foram exportadas 10,9 milhões de toneladas, até o mês passado haviam sido exportadas apenas 4,24 milhões de toneladas.

Fonte: Tribuna do Interior

 

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