Venda de silo crescerá devido ao milho
11/12/06 10:48:11



São Paulo - Tendência é que produtores queiram armazenar o grão para aproveitar a alta de preços. As vendas de silos e armazéns devem voltar a crescer em 2007 devido à reação dos preços das commodities, sobretudo por causa do aumento do cultivo de milho, impulsionado pelo "boom" do grão no mercado internacional. As perspectivas são que as cotações internas do cereal subam até 35% em relação a este ano. Tanto no setor de silos convencionais quanto no de bolsas (de plástico, chamados de salsichões), a expectativa é que em 2007 haja recuperação das perdas dos últimos dois anos. O comércio foi afetado pela crise do agronegócio. No caso do silo-bolsa, as vendas caíram até 60%, dependendo da empresa e, nos convencionais, até 25%.

No setor de silos e armazéns convencionais, apenas a Comil Silos e Secadores obteve aumento na comercialização neste ano. Segundo o gerente de vendas da empresa, Carlos Alberto Junqueira Branco, a expectativa era de crescimento de 40% - a indústria apostava na recuperação do campo - mas ficou em cerca de 20%. " Tomamos espaço do concorrente, porque o mercado não se ampliou’’, explica. Para 2007, a empresa deve comercializar 20% a mais na comparação com este ano. "Acreditamos que o mercado agrícola vai começar a se recuperar’’, disse o executivo. A soja deverá puxar as vendas da empresa, já que a commodity representa 70% das vendas de armazenagem do Brasil.

Branco diz acreditar que a expansão das vendas da Comil prevista para o ano que vem será insuficiente, entretanto, para recuperar as perdas de 2005. Além disso, a cifra não voltará aos patamares de 2004, quando a agricultura brasileira reagiu positivamente. Opinião semelhante tem o diretor-comercial da Kepler Weber, Duilio de La Corte. Segundo ele, as vendas não devem voltar aos patamares de 2004 - desde lá o comércio caiu 50% - apesar de serem maiores que neste ano. "Os sinais são positivos devido ao efeito milho e aos preços mais altos das commodities", diz. De acordo com o executivo, um dos fatores que prejudicou o setor foi a falta de financiamento. "Ficou complicado o acesso ao crédito", diz.

"Pode faltar armazém para milho e o silo-bolsa ser uma alternativa", acredita Verônica Gaviolle, gerente de produto da DuPont. Segundo ela, diferente do convencional, o salsichão permite a segregação do produto e tem um investimento menor, cerca de R$ 0,60 por saca para quase R$ 4 por saca nos demais. Além disso, ela acrescenta que boa parte dos armazéns brasileiros guarda mais soja que milho, proporcionando uma demanda reprimida deste produto.

Depois de dois anos em expansão, o mercado dos salsichões se retraiu em 2006. Mas, segundo Adair Moraz, responsável por silos-bolsas da Nortene, ainda é um muito promissor. Na Argentina são 130 mil salsichões, que abrigam um terço da safra. No Brasil são apenas 4 mil. Ele também acredita que faltem armazéns convencionais e os produtores optem pelas bolsas.

O produtor João Donadelli, de Sacramento (MG), foi um dos compradores de silo-bolsa neste ano. Segundo ele, há uma economia no preço do produto e também no frete, pois ele não tinha condições de adquirir um armazém para ser colocado em sua propriedade. Com o silo-bolsa, ele pode armazenar sua produção de milho na fazenda e vendê-la a um preço melhor. Na colheita, o grão era cotado a R$ 11 a saca, cinco meses depois, foi comercializado a R$ 16 a saca.

Para Branco, o mercado de silos-bolsas não deve conseguir se desenvolver porque o clima do Brasil é tropical. "Os silos-bolsas funcionam bem na Europa, onde faz frio, facilitando a conservação do grão. No Brasil, isso será uma coisa temporária’’, acrescenta. O Centro Nacional de Treinamento em Armazenagem (Centreinar), da Universidade Federal de Viçosa (UFV), realiza pesquisas para atestar o uso do produto no País.

Fonte: Gazeta Mercantil, 11 de dezembro

 

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