Indústria de rações exige grãos com alto valor agregado
14/4/2009 15:33:36



Com uma safra de grãos estimada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 136,4 milhões de toneladas, o volume que deverá ser armazenado exige tantos investimentos quanto os aplicados durante o manejo da lavoura. Investimentos em tecnologia, como a escolha de cultivares mais produtivas, a utilização da agricultura de precisão e a aplicação de fertilizantes, por exemplo, são inovações que também devem ser seguidas durante o processo de armazenagem.

O milho é a principal fonte energética da indústria de rações, seguido pela soja e por quantidades expressivas de outros grãos, como o sorgo, que apresenta vantagens como preço inferior e a possibilidade de ser cultivado em regiões que apresentam deficiência de chuvas. Para 2009, segundo o IBGE, a produção de milho em grão deverá atingir 51,6 milhões de toneladas, com destaque para a recuperação da produção na região Sul, principal produtora com 41,9% da safra nacional.

A quase totalidade das rações produzidas no Brasil é destinada à avicultura e à suinocultura, segmentos que exigem qualidade na área de segurança alimentar para atender aos mercados interno e externo. No Brasil, segundo dados dos pesquisadores Gustavo Júlio de Mello Monteiro de Lima e Claudio Bellaver, da Embrapa Suínos e Aves (Concórdia-SC), a maioria dos avicultores e dos suinocultores se diz insatisfeita com os grãos que estão empregando na alimentação dos animais. A queda do teor de proteína bruta do milho é um dos principais indicativos dessa insatisfação. A proteína do milho é uma importante fonte de aminoácidos, componente predominante das rações de aves e suínos.

Os avanços em melhoramento genético animal, segundo o artigo de autoria dos pesquisadores intitulado “Alerta à cadeia produtiva de milho: a indústria de rações demanda grãos de melhor qualidade”, têm obrigado o uso de rações com maior densidade de nutrientes, já que a seleção é feita em animais que apresentam melhores taxas de ganho de peso e eficiência alimentar. O segredo para se obter rações de alta qualidade pode estar na exploração dos aspectos genéticos dos grãos, podendo resultar em melhoria do desempenho animal com aumento de rentabilidade tanto para os pecuaristas como para os produtores de grãos, revela o estudo.

Neste contexto, grãos com qualidades diferenciadas – que atendam às demandas específicas da indústria de rações – estão se tornando ingredientes especializados, com características desejadas pelos processadores e pelos produtores de rações. De acordo com o artigo, cultivares modificadas geneticamente para melhoria da composição em nutrientes têm conquistado grande atenção das empresas produtoras de sementes.

Milhos especiais têm mais valor

Acréscimos na área plantada de cultivares de milho com valor agregado, como o milho com alta densidade de nutrientes (aminoácidos) e o milho com alto teor de óleo, vêm sendo registrados a cada safra, segundo o artigo dos pesquisadores Gustavo e Claudio . Híbridos de milho amarelo com alto teor de óleo têm despertado interesse entre a moderna indústria de alimentos para animais. Entre seus diferenciais, está a maior quantidade de energia, se comparado ao milho comum. Os pesquisadores defendem que a melhoria da qualidade genética do milho apresenta aumento de competitividade da indústria animal.

Outro aspecto positivo do uso do milho com alto teor de óleo é a maior produção de energia e proteína por hectare sem a necessidade de aumento dos níveis de adubação. Segundo o artigo, essa característica é desejável sob os pontos de vista social, já que abre oportunidades para os pequenos produtores, e ambiental, pois é necessário uma menor área para produzir a mesma quantidade de nutrientes quando comparado aos grãos tradicionais.

Para os pesquisadores, é urgente a existência de projetos que integrem as cadeias produtivas de aves, suínos e a do milho. “Como as aves e os suínos são os maiores clientes do milho, há necessidade de adequação de grãos com qualidade necessária para manter ou aumentar a competitividade da produção desses animais”, informa um trecho do artigo. Ainda de acordo com o texto, o emprego de ferramentas para melhorar a qualidade nutricional do milho por gerentes de cooperativas e agroindústrias é uma das saídas para aumentar a competitividade da agricultura brasileira.

LEGISLAÇÃO – A busca por alimentos seguros é uma necessidade em todos os segmentos da cadeia produtiva do agronegócio. No Brasil, a Lei 6.198 de 1974 trata das inspeções e das fiscalizações obrigatórias dos produtos destinados à alimentação animal. O Sindirações (Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal) adota a nomenclatura Feed & Food Safety – Gestão do Alimento Seguro como programa de certificação. Desta forma, a certificação emitida pelo Sindirações é reconhecida internacionalmente e é aceita por clientes que se relacionam com a indústria brasileira

Fonte: Porkworld, 9 de abril

 

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