Milho: clima seco faz produtor trocar safrinha por trigo em áreas do PR
28/4/2009 09:22:58



O clima seco que atinge as regiões produtoras de milho safrinha no norte do Paraná deve implicar em redução de área e de produtividade.

Embora cautelosas quanto às perdas, cooperativas da região admitem que a situação é crítica, tendo feito muitos produtores trocar a safrinha pelo trigo.

"As lavouras de milho estão ruins, com muito ataque de pragas e folhas enrolando. Os produtores estão com o milho no chão e nada de água", relata o agrônomo chefe do Departamento Técnico da Corol-Cooperativa Agroindustrial, com sede em Rolândia, Humberto Nogueira Duarte, que indica 100% das lavouras em fase de desenvolvimento vegetativo.

O agrônomo prefere não quantificar perdas, mas diz que por conta do clima seco muitos produtores devolveram sementes de milho para pegar sementes de trigo como última tentativa. Explica que a janela entre a colheita da safra de verão e o plantio de milho safrinha é muito curta e que como faltou chuva nesse meio tempo o produtor teve que mudar de cultura.

"Ainda não sabemos o tamanho da área de milho, mas podemos adiante que houve redução significativa da venda de sementes", diz Duarte.

A Corol atua em 40 municípios e teve área de 48 mil hectares com milho safrinha na última temporada. A produtividade obtida alcançou 4.400 quilos/hectare, desempenho que superou a média histórica de 3.700 quilos/hectare.

"A safra deste ano já perdeu em área e teremos perdas também de produtividade. O quadro não é animador", reconhece o chefe do Departamento Técnico, observando que o sul do país está entrando no final do La Niña, resfriamento das águas do Pacífico, que tem como consequência a ausência de formação de chuvas.

"A meteorologia prevê que o La Niña irá até o final de julho para dar lugar ao El Niño por volta da segunda quinzena de agosto. Se isso acontecer, teremos uma primavera e um verão chuvosos", diz o agrônomo da Corol.

A última chuva registrada na área de ação da cooperativa ocorreu dia 13 de abril, mas foi isolada. Segundo Duarte, algumas regiões chegaram a ter 50mm, enquanto outras, a quatro quilômetros de distância ficaram totalmente no seco.

A exemplo da Corol, de Rolândia, a 19 quilômetros de Londrina, a Cocamar, de Maringá, também norte do Paraná, mostra preocupação com o clima seco para a safrinha. De acordo com o agrônomo Antonio Sacoman, a maior parte das lavouras sob atuação da cooperativa está em fase de desenvolvimento vegetativo (80%), mas já existem áreas em que o milho encontra-se em floração (cerca de 20%), fase considerada mais crítica diante da falta de chuva.

"Se chover logo, as lavouras que estão em desenvolvimento vegetativo se recuperam bem. Se não chover, essas que estão em floração podem ter produtividade comprometida", admite o agrônomo, observando que uma avaliação precisa só poderá ser feita quando a lavoura estiver em granação completa.

Apesar da falta de chuva, a Cocamar, que atua em 160 mil hectares de milho safrinha (60 municípios) mantém expectativa de 3.500 quilos/hectare de produtividade para a atual temporada.

Em Campo Mourão, no centro-oeste do estado, a unidade do Departamento de Economia Rural-Deral, com atuação em 285 mil hectares de milho safrinha, indica 65% das lavouras em desenvolvimento vegetativo, 30% em floração e 5% em fase de frutificação. Conforme técnico local, há relato de expectativa de redução de produtividade, sobretudo em regiões de arenito, mas ainda não há como quantificar perdas.

"A situação tornou-se mais crítica nas três últimas semanas", comenta o técnico, observando que Campo Mourão contabiliza chuva de 53mm no acumulado de abril contra 92,3mm de abril de 2008. A última chuva ocorreu ontem (22) e atingiu 0,2mm. Antes disso, choveu 42mm (dia 09 de abril), 2,1mm (dia 06 de abril)e 7,5mm dia 01 de abril.

Em Curitiba, o Departamento de Economia Rural-DERAL, diz que algumas regiões produtoras estão há mais de 30 dias sem chuva.

"A situação de chuvas esparsas pode fazer com que na média uma lavoura compense a outra, mas de qualquer forma, a situação é preocupante. Deve haver queda de produtividade", admite Otmar Hubner, coordenador técnico. Observa que Maringá, no norte do estado, onde choveu melhor até agora, contabiliza chuva de 54mm na soma de abril quando o mínimo normal acumulado do mês para o norte do estado é de 200mm.

Balanço do Deral aponta ocorrência de chuvas localizadas no estado na quarta-feira (22). Cascavel, por exemplo, teve 18mm, enquanto Assis Chateaubriand e Guaíra tiveram 1 e 2mm respectivamente. Já a região de Foz do Iguaçú foi beneficiada com volumes de 32 a 39mm.

Apesar do clima seco, o Departamento de Economia Rural mantém previsões de plantio de 1,54 milhão de hectares com o milho safrinha no Paraná, área 3% inferior à de 1,59 milhão de hectares da última temporada. A produção está estimada em 6,39 milhões de toneladas, 12% superior à de 5,71 milhões de toneladas da temporada anterior.

Fonte: Último Segundo, 24 de abril

 

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