Produtores mato-grossenses estão preocupados com falta de armazéns
11/5/2009 08:20:36



Evolução das lavouras vem superando as expectativas e agora há temor por espaços

Clima ajudou, produtor se empolgou e produção 2009 do milho poderá ficar a céu aberto em MT

Com 100% do milho cultivado em Mato Grosso e a cerca de um mês da colheita da segunda safra estadual, os produtores mato-grossenses estão preocupados com a possibilidade de faltar armazéns para estocar a produção, que terá quebra em relação ao ano passado, porém ficará acima da estimativa inicial. Na atual temporada são esperadas 5,68 milhões de toneladas, contra 7,75 milhões de toneladas contabilizadas no ciclo anterior.

De acordo com a Companhia Nacional do Abastecimento (Conab), no ano passado Mato Grosso produziu 7,80 milhões toneladas (primeira e segunda safras), 15,72% a mais do que a produção esperada para a safra 2008/09, 6,74 milhões de toneladas.

Mesmo com a produção menor, os produtores temem que poderá faltar espaço para armazenar toda a produção. Isto porque os produtores estimavam quebra de até 50% na safra do milho, o que acabou não se confirmando. “Pelo contrário, os produtores decidiram plantar um pouco mais. Para ajudar, tivemos um ótimo regime de chuvas e tudo acabou favorecendo o milho. Foi realmente acima do que esperávamos”, afirmou o presidente do Sindicato Rural de Tapurah (433 quilômetros ao norte de Cuiabá), Marusan Ferreira Barbosa.

Agora, o problema é como armazenar esta produção. “A nossa estrutura [de armazenagem] na região Norte não é suficiente para estocar todo o milho que iremos colher nesta safra e temos receio de que seremos forçados a guardar o produto a céu aberto”, alertou Marusan.

Segundo ele, a capacidade estática da região de Tapurah é pequena “e temos apenas uma unidade credenciada pela Conab, com capacidade para estocar 1 milhão de toneladas. Muitos produtores terão de colher e escoar imediatamente para não correr o risco de ficar com a produção ao relento”.

O presidente do Sindicato Rural de Sinop (503 quilômetros ao norte de Cuiabá), Antônio Galvan, disse que já solicitou a remoção da produção colhida. “Estamos dependendo dos armazéns que estão ocupados com soja, que já está sendo escoada. Não temos previsão do que irá acontecer. Se a soja continuar sendo escoada, o espaço será liberado para o milho. Se a soja não sair e ficarmos dependentes só da Conab e dos armazéns particulares, poderemos ter problemas. É preciso que o governo federal remova a produção imediatamente”.

Galvan informou que a produção da região de influência da BR-163 (Cuiabá-Santarém), ao entorno dos municípios de Lucas do Rio Verde, Nova Mutum e Sinop, deverá chegar a três milhões de toneladas.

SOJA - O armazenamento da produção, segundo o sojicultor Paulo Fernandes Alves, de Sinop, é necessário para que o produtor possa esperar o melhor momento para comercializar sua safra. “Quando o mercado está em baixa, a melhor decisão é guardar a produção até os preços reagirem. Sem armazém, não há como fazer isso e muitos produtores acabam vendendo a safra por preços irrisórios, que na maioria das vezes não chegam a cobrir os custos de produção”, diz.

O sojicultor estima que, só com a “entrega” imediata da safra para as indústrias de esmagamento de soja, os produtores perdem diretamente 1 dólar por saca comercializada. “Se tivéssemos armazéns em quantidade suficiente para atender todas as regiões produtoras, certamente este prejuízo deixaria de existir porque o agricultor iria esperar o melhor momento para negociar a sua safra”.

Normalmente, segundo ele, os preços da soja reagem em um período de até seis meses após a safra. “Antes deste período, aqueles que venderem a sua produção estão fadados ao prejuízo, uma vez que todo início de safra não é favorável para a comercialização por causa dos baixos preços que normalmente são adotados pelo mercado”.

Fonte: Diário de Cuiabá, 7 de maio

 

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