O ânimo das lavouras de milho
21/8/2009 15:09:18



Os agricultores do centro-sul estão planejando a safra de verão. O Globo Rural foi a campo para ver como está o ânimo com relação a uma das principais lavouras: o milho. Na propriedade de Sr. Dalton Komagome, o solo está coberto com nabo forrageiro, usado como adubo verde para a safra de verão.

Ele é produtor no município de Floresta, noroeste do Paraná. O agricultor tinha planejado plantar 100 hectares com milho, mas mudou de ideia.

O plantio, só vai começar no mês que vem, mas o produtor já está com a próxima safra toda planejada. Ele pretende cultivar apenas 50 hectares de milho, metade do que plantou no ano passado. O restante vai ser ocupado pela soja.

Sr. Dalton, que ainda tem safrinha para vender, conta que o preço do milho na região está bem abaixo do preço mínimo estipulado pelo governo, que é de R$ 16,50 para o Paraná. "Hoje o preço está em torno de R$14.60 que não cobre nem o custo. Se o governo pagasse o preço mínimo até daria um pouco de lucro para nós. Se não a gente não tem condições de plantar o milho. Eu estou plantando esses 50 hectares mais é para rotação de cultura".

Estamos no município de Indiara, região sudoeste de Goiás. O agricultor Aldo de Oliveira está com a terra preparada para o plantio do milho, que começa em outubro.

Ele também vai reduzir pela metade a área com milho. "Não está valendo a pena, os preços estão muito ruins, baixos. Não vale a pena trabalhar para ter prejuízo".

Pelos cálculos da 'Comigo', Cooperativa de Rio Verde, Goiás, o custo de produção do milho até caiu nesta safra, cerca de 7%, mas o preço do grão caiu mais. Por isso, muitos agricultores estão preferindo a soja. "O custo da soja hoje, o custo da saca é em torno de R$ 30 e você vai estar vendendo ela a R$ 40 de acordo com o mercado atual. O custo de milho de R$ 15 você está vendendo a R$ 15 também. Então o milho você estaria empatando e a soja estaria tendo um lucro, de R$ 30 para R$ 40, em torno de R$ 10 a saca", explica o agrônomo da Comigo, Wider Alves Leal.

Os fatores que estão segurando o preço milho são o câmbio e o mercado internacional. O Brasil exportou entre janeiro e julho deste ano cerca de 3 milhões e 500 mil toneladas de milho. Isto representa crescimento de quase 7% em relação ao mesmo período do ano passado. No entanto, o faturamento, em dólar, com estas vendas foi 20% menor.

E como o dólar está se desvalorizando, o agricultor brasileiro acaba recebendo menos ainda. Segundo José Cícero Aderaldo, da Cooperativa de Maringá, no Paraná, a redução do faturamento mexe, sim, com o mercado.

"Basicamente todos os produtos agrícolas comercializados no Brasil sofrem influencia direta do mercado internacional seja por exportação, ou por importação. Por importação, é o caso do trigo, por exportação é o caso de soja, de carnes e também do milho. Hoje o Brasil, com exportação prevista de 8 milhões de toneladas, passa a ser um dos maiores players no mercado internacional".

Com o preço baixo, pouca gente quer vender o grão. Surgem daí problemas com armazenagem. É o caso de Sinop, em Mato Grosso, onde o milho está amontoado a céu aberto.

O governo fez até agora 28 leilões para escoar a produção de milho em vários estados brasileiros. Comprou cerca de dois milhões de toneladas. O que é muito pouco para estimular o mercado, segundo o Presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho, Odacir Klein. "Os leilões são necessários primeiro para que seja garantida a política de preços mínimos. Hoje algumas áreas ninguém consegue vender milho e quem dirá chegar a venda pelo preço mínimo. Em segundo lugar é importante, sem estimular o produtor nesse momento com preços, haverá uma sensível diminuição de área de plantio para o próximo ano e pode faltar milho para a nossa agricultura e para a produção de proteínas animais. Em terceiro lugar, em determinadas regiões há excedentes e em outras há falta, inclusive há necessidades de exportação os leilões servem para movimentações do estoque".

A Conab informou que, no momento, não há mais nenhum leilão de milho previsto até o final do ano.

Fonte: Globo Rural, 16 de agosto

 

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