Seca causa quebra de 13% na safra de milho da China
11/11/2009 08:46:50



A safra de milho da China, a segunda maior do mundo, caiu mais que 13% para a maior baixa em quatro anos devido a secas que atingiram as principais regiões produtoras.

De acordo com a reportagem da Bloomberg, a produção chinesa de milho caiu para 144,374 milhões de toneladas (5,684 bilhões de bushels), vindo de 165,9 milhões de toneladas no ano passado. Os números foram levantados a partir de entrevistas com produtores locais. O volume está bem abaixo da estimativa de 155 milhões de toneladas feita pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) e dos 163 milhões previstos pelo Centro Nacional de Informações de Óleo e Grãos da China.

A produtividade das lavouras caiu 16%, anulando o benefício de um aumento de 4% na área plantada, informou a SGS, empresa que colocou seis grupos de agrônomos para viajar 15 mil quilômetros em sete províncias para realizar a pesquisa. A seca danificou 19,8 milhões de acres, a maioria nas províncias de Liaoning, interior da Mongólia Hebei e Jilin. A estiagem reduziu a disponibilidade de água para 7 milhões de pessoas e para 3,8 milhões de cabeças de gado, de acordo com o Ministério de Recursos Hídricos.

“Foi uma seca regionalizada em partes da região produtora do nordeste”, disse David Smoldt, vice-presidente da FCStone, consultora baseada em Des Moines, Iowa. Uma safra menor levaria a uma queda nos estoques antes da próxima colheita, ele afirmou.

A SGS entrevistou 300 produtores nas principais produtores do centro e do nordeste da China. 54% dos entrevistados relataram clima ruim em 2009. No ano passado, apenas 3% reclamaram das condições climáticas. A produtividade na província de Jilin, que já foi a maior região produtora da China, deverá cair 42%, conforme dados da pesquisa.

Queda de estoques

A província de Heilongjiang, onde as plantações aumentaram devido aos preços altos, é a maior produtora da China, com 14% da produção nacional, seguida de Shandong, Jilin e Hebei, que contribuem com 11% a 12%. O tamanho da safra foi estimado com base em pesquisas e levantamentos oficiais do governo.

A seca pode causar uma queda bem maior nos estoques chineses de milho do que havia sido inicialmente previsto pelo USDA, que no mês passado estimou uma queda de 8,4%, para 48,6 milhões de toneladas, vindo de 53,1 milhões de toneladas em 2008, ano que teve a maior safra desde 2003.

Sem importações, ainda

A China mantém estoques governamentais de milho, usado para alimentação animal, como ingrediente alimentício e na produção de biocombustíveis. Sua produção doméstica e o uso de estoques ajudaram a China a ser auto-suficiente em seu abastecimento de milho, e importa apenas 1% de seu consumo interno. No ano passado, a China colheu 21% da produção mundial e, os EUA, 39%.

Mike Callahan, diretor de operações internacionais da U.S. Grains Council, que estimou a produção em 150 milhões de toneladas, afirma que os estoques deverão cair para 40 a 45 milhões de toneladas, o que provavelmente não será suficiente para causar um grande aumento nas importações. “Os estoques precisarão cair para até 20 milhões de toneladas para que o governo, que subsidia produtores de milho, se sinta pressionado a abrir seu mercado e importar mais.

“Com todo o milho que eles têm, eu não vejo como uma safra maior teria tanto impacto”, disse Callahan.

O milho exportado pelos EUA, precificado em US$ 4,13 o bushel em Nova Orleans, no dia 6 de novembro, estava mais barato que o preço de US$ 6,43 nos portos de Dalian, China, com os custos de embarque e com tarifa de importação de 13%, informou Dan Basse presidente da AgResource Co., em Chicago. O milho futuro caiu 8,8% este ano para US$ 3,7125 o bushel na Bolsa de Chicago.

Pequenos produtores

O governo chinês restringir o acesso a produtos estrangeiros , o que deve limitar o impacto da seca nos preços globais, afirmou Basse. Em um país onde a maior parte dos produtores cultivam apenas em poucos acres, o governo quer garantir que eles continuem no setor.

“A China precisa garantir o milho a US$ 6 para impedir que os produtores se mudem para a cidade”, disse Basse. “A grande tática da China é manter os produtores felizes para que eles não saiam das fazendas”.

Entre os produtores entrevistados, 64% disseram estar infelizes com os preços do milho em 2008, 22% disseram estar satisfeitos e 14% não responderam. Mais de 65% deles esperam preços a mais de US$ 220 a tonelada em 2009, em comparação a 20% no ano passado, de acordo com a pesquisa.

Compra de equipamentos

Entre os 41% dos produtores que compraram maquinários nos últimos três anos, 62% compraram um trator e 49% compraram um pulverizador. Apenas 2% de todas as fazendas tinham mais de 8 hectares, enquanto 55% tinham menos de 1 hectare. Sobre o uso de pesticidas, 54% dos produtores pesquisados disseram que não seguir as doses recomendadas.

A margem de erro da pesquisa é de 5,66%, de acordo com a SGS.

Fonte: Agronotícias, 9 de novembro

 

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