26/2/2010 10:52:37

A Safra 2010 tem expectativas altas principalmente no Paraná, com pretensão de aumento de 4,6% de colheita em relação ao ano passado. Mas, se os números da safra de verão estão deixando os agricultores animados, a empolgação não se estendeu para o plantio de milho safrinha. A expectativa é que diminua a área plantada do produto na safrinha devido aos baixos preços pagos ao produtor.

Os agricultores que já conseguiram colher a soja da safra 2010, plantaram o milho safrinha na sequência aproveitando a queda no valor dos insumos. Mas, para muitos nem mesmo a diminuição no preço do adubo, herbicidas, inseticidas e agrotóxicos foi suficiente para convencer a investir na cultura. De acordo com Dirceu Macanhão, produtor rural de Cascavel, este ano vai deixar a terra vazia até o plantio da aveia em março porque não compensa mais financeiramente investir na safrinha. “Este ano vou direto para a cultura de inverno”, garante.

Para o agricultor, muitas vezes há grandes incentivos no momento da colheita, mas no final, os preços e a própria produtividade não compensam. Até mesmo esta Safra 2010, que todos estão contando vantagens não é vista pelo produtor como ‘extraordinária’. “Eu tive dificuldades com a colheita e estou com produção normal, de umas 120 sacas por alqueire”, revela ao citar que muitos produtores afirmam que conseguiram até 200 sacas por alqueire, mas duvida. “Acho que é mais história de pescador”, brinca.

Macanhão explica que enfrentou dificuldade de colher soja pelo excesso de chuva e que agora já está tarde também para o plantio da safrinha. “Além de não ser vantajoso, porque é arriscado, está muito barato”, detalha. O produtor salienta que hoje o valor do milho está R$ 14,00 a saca e que não compensa o risco da safrinha pelas geadas que podem provocar perdas. “Teria que passar muito fungicida, não compensa, a gente acaba perdendo”, revela.

O agricultor conta que fez duas vezes o plantio de safrinha, mas nunca compensou porque por mais que o governo estipule os preços, estes não são praticados. “Na safrinha gasta-se muito mais com insumo também e agora já aumentou de novo uns 17%”, salienta. O agricultor revela que na época de plantio da safra e até da safrinha precoce, os agrotóxicos baixaram aproximadamente 30%, mas agora começa a se recuperar novamente. “O produtor tem 30% da produção em insumos”, revela.

Os preços menores dos fertilizantes, provocados pela queda no câmbio e aumento de oferta do produto, significou para os produtores que aproveitaram para o plantio da safrinha economias de 30%, mas isto não foi suficiente para animar o plantio em Cascavel e região.

Fonte: Gazeta do Paraná


Guilherme Viana (MTb/MG 06566 JP)
Jornalista / Embrapa Milho e Sorgo
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