Subsídio do milho ameaça avicultura
11/3/2011 09:23:48



As recentes dificuldades para aquisição de milho destinado ao fabrico de ração e as distorções praticadas pelo próprio governo federal na tentativa equilibrar o mercado, com a disponibilização de seus estoques reguladores, estão pondo em sério risco a avicultura paraense. “Em termos de vantagem competitiva, a nossa atividade está indo para o brejo”, afirma o veterinário Waldomiro Gaia, avicultor e ex-presidente da Associação Paraense de Avicultura.

Waldomiro Gaia considera acertada a política do governo federal de liberar seus estoques, através de leilões, para normalizar a oferta de milho. O problema, diz ele, está nos custos, muito mais altos para o avicultor paraense. O produto oriundo de Mato Grosso, por exemplo, chega ao Pará com um custo adicional de R$ 17 por saco de 60 quilos relativo ao frete. Ao avicultor paraense, a título de subsídio, o governo oferece um prêmio de R$ 1,12 por saco de 60 quilos.

VULNERABILIDADE

Porém, o mesmo milho originado no Mato Grosso, quando destinado ao Nordeste, tem direito a um prêmio muito maior, de R$ 7,50 por saco de 60 quilos. O resultado disso é que, enquanto o produto chega ao Nordeste com um preço final de R$ 35, no Pará esse custo é de R$ 42 por saco de 60 quilos. A diferença de R$ 7, considerada expressiva para uma atividade que tem no milho seu principal insumo, traduz a generosidade do governo no tratamento dispensado aos avicultores nordestinos em detrimento dos paraenses.

Como o Estado do Pará não produz todo milho que consome, os avicultores locais estão mais expostos a oscilações de mercado e mais vulneráveis a eventuais choques de oferta. Essa situação costuma se agravar durante a entressafra, que vai de dezembro a março. Nesse período do ano, que é o que estamos vivendo hoje, os produtores paraenses de frango e ovos ficam na dependência de grãos oriundos de outros Estados.

A preocupação com a assimetria de custos é partilhada também por técnicos ligados ao setor, que hoje emprega, direta e indiretamente, cerca de 50 mil pessoas em toda a cadeia produtiva. Eles admitem que, no cenário atual, está se tornando verdadeiramente impossível produzir frango e ovo no Pará em condições de competir com o produto nordestino. Um desses técnicos diz que já é hoje perceptível, nos supermercados de Belém, a presença crescente do frango importado de outros Estados, graças tão-somente ao tratamento diferenciado que eles vêm recebendo do governo federal.

TRATAMENTO

Ao mesmo tempo em que lamentam os enormes prejuízos causados à avicultura paraense, os produtores advertem para o risco de falência total do setor, caso não haja uma mudança na política de preços do governo federal.

Para isso, consideram que será indispensável também uma ação mais efetiva do poder público local, através da criação de mecanismos de apoio aos produtores. E, através da representação política paraense, defendem gestões em Brasília para que o Estado possa receber o mesmo tratamento dispensado ao Nordeste.

Fonte: Diário do Pará


Guilherme Viana (MTb/MG 06566 JP)
Jornalista / Embrapa Milho e Sorgo
Tel.: (31) 3027-1223
gfviana@cnpms.embrapa.br

 

Últimas Notícias
INDICADORES DE TENDÊNCIA CIMILHO (97): Milho: chove chuva, chove sem parar...
INDICADORES DE TENDÊNCIA CIMILHO (90): China em prol de uma agricultura mais verde, lição para o Bra
INDICADORES DE TENDÊNCIA CIMILHO (89): Etanol de milho com fôlego renovado
INDICADORES DE TENDÊNCIA CIMILHO (88): A retomada das exportações de milho no segundo semestre
INDICADORES DE TENDÊNCIA CIMILHO (87): Entendendo a lógica do comportamento dos preços e do mercado