Milho - preços devem ser ainda mais firmes em 2008
28/1/2008 07:50:03



O ano de 2007 ficará na história para vendedores e compradores de milho. Vendedores iniciaram o ano em clima de otimismo, devido à euforia no mercado internacional gerada pela demanda americana por milho para a produção de etanol. Até o final do primeiro semestre, porém, os preços do grão reduziram expressivamente. A baixa oferta de trigo no mercado mundial, contudo, fez com que houvesse a substituição por milho, que por sua vez, levou à corrida por compras de produto, sustentando as cotações internacionais. A análise é da equipe do Cepea/Esalq.

O Brasil passou a exportar quantidades expressivas do produto, batendo recordes mês a mês e acumulando o maior volume histórico em um único ano. A restrição de oferta no mercado interno deixou compradores preocupados e a intervenção governamental foi essencial para atendimento da demanda doméstica.

Algumas informações de preços nos mercados internos e externos chamaram a atenção em 2007. Na Bolsa de Chicago (CBOT), a alta observada entre a média de janeiro/07 e dezembro/07 foi de 7,7%, depois de terem subido 52% no último trimestre de 2006. A média de preços em 2007 foi aproximadamente 60% maior que as dos últimos três anos.

No Brasil, o Indicador ESALQ/BM&F (Campinas – SP) subiu 35,4% entre janeiro e dezembro de 2007. Se considerado a partir de abril, o aumento é de 76%. Nas demais regiões pesquisadas pelo Cepea, os dados também são interessantes. No ano, a alta entre as médias de janeiro e dezembro foi de 53% no mercado de balcão e de 49% no de lotes; desde abril, as elevações foram de 74% e 77%, respectivamente.

Essas informações sugerem que produtores de milho tiveram um bom retorno sobre o investimento. Mas, na verdade, essa conclusão é válida basicamente para aqueles que estocaram o produto para vender no segundo semestre. Aqueles que negociaram logo após a colheita deixaram de ganhar os aumentos recentes.

Para 2008, compradores e vendedores estão preocupados com o rumo que o mercado de milho pode tomar. Tudo está por acontecer: uma boa safra de verão e um possível aumento da área plantada de safrinha no Brasil podem amenizar as altas sobre as cotações internas. Por outro lado, condições climáticas desfavoráveis podem reforçar a expectativa de menor oferta e gerar uma corrida por estoques já reduzidos do produto, o que favorecerá novas altas. Mas a principal indefinição está relacionada à demanda externa e, conseqüentemente, ao volume a ser exportado em 2008. De qualquer forma, o preço deve seguir próximo da paridade de exportação.

A indefinição do mercado está relacionada à característica do mercado de milho brasileiro. Mesmo em 2007, ano em que foram exportados volumes recordes e houve restrição de oferta no mercado doméstico, os patamares de preços no Brasil foram definidos pelo mercado interno e estiveram próximos da paridade de exportação. Somente no final de novembro e na primeira quinzena de dezembro, as cotações estiveram acima desses níveis.

No geral, a expectativa fica para a área a ser plantada com o milho de 2ª safra (safrinha), a qual seguirá sendo o “fiel” da balança em 2008. A estimativa inicial da Conab é de estabilidade de área, produtividade e produção, que deverá representar 29% da oferta total de milho no Brasil, estimada em 52,3 milhões de toneladas.

Segundo a Conab, o volume embarcado pelo Brasil deverá continuar satisfatório devido aos compromissos já assumidos por alguns vendedores e aos bons níveis dos preços internacionais. Em 2007 foram exportadas cerca de 11 milhões de toneladas (volume recorde), de acordo com a Secex. Na temporada 2007/08 deverão ser embarcadas 8 milhões de toneladas.

Para o mercado interno, a expectativa de preços para a próxima safra pode ser baseada nas negociações futuras de milho da BM&F. O contrato Janeiro/08 aponta preços de aproximadamente R$ 31,00/saca, Março/08, de R$ 25,00/sc e a partir de Maio/08, de R$ 23,00/sc de 60 kg.

Na CBOT, as cotações do milho continuaram influenciadas pelo mercado de trigo em dezembro. A expectativa é de cotações próximas de US$ 180,00/t de milho durante todo o ano de 2008, um dos maiores níveis da história. Dessa forma, o mercado de milho tem caminhado para mudanças de preços relativos, sendo direcionado para um novo patamar de equilíbrio de oferta e demanda. Esse cenário está relacionado ao baixo estoque mundial do produto pela segunda safra consecutiva.

Análise sobre o mercado de milho elaborada pelo Cepea. Equipe: Prof. Lucilio R. Alves, Profa. Vania Di Addario Guimarães, Ana Amélia Zinsly, Flávia E. Gutierrez, Renata Maggian, Matheus Rizato e Rafaela Ometto Berto. Contato: cepea@esalq.usp.br

Fonte: Cultivar, 25 de janeiro

 

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