Baixa cotação leva a soja a perder terreno para o milho
27/09/2011 11:28:42



A cotação da soja nos EUA tem ficado estagnada este ano, de modo geral, mascarando um declínio na produção americana. Cada vez mais os agricultores preferem plantar culturas mais lucrativas como o milho, que rende uma safra maior por hectare, tornando-o mais lucrativo aos preços atuais.

Alguns agricultores sul-americanos também estão passando para culturas financeiramente mais promissoras. Paulo Shimohira, agricultor como propriedades no norte da Bahia e em Goiás, disse que planeja aumentar a produção de milho em cerca de 1.500 hectares, diminuindo assim a área onde vai semear soja nos próximos meses.

"Parece que o milho vai ser um bom negócio", disse.

O pequeno crescimento da safra de soja sul-americana vem se somar à esperada queda de 7,3% na produção de soja dos EUA.

A cotação dos cultivos agrícolas vem se mantendo melhor do que a de outras commodities frente às preocupações com a desaceleração do crescimento econômico. Mas os preços do trigo, milho e algodão sofreram algumas fortes oscilações, enquanto a soja vem sendo negociada em geral entre US$ 13 e US$ 14 por bushel este ano.

Os futuros de soja nos EUA caíram abaixo dessa faixa em meio a uma onda global de vendas na semana passada, batendo em 12,58 dólares por bushel na sexta-feira, o menor preço do ano.

A China, especialmente, depende do hemisfério ocidental para comprar oleaginosas, que servem para alimentar o gado e produzir óleo de cozinha, acompanhando as mudanças de alimentação em sua classe média emergente. No entanto, no segundo trimestre os agricultores americanos começaram a preparar um cenário de oferta escassa, reduzindo a área que semeiam com soja para aproveitar a forte cotação do milho.

Produtores no Brasil e Argentina podem seguir esse exemplo nos próximos meses na época do plantio, abandonando o papel que ocupavam recentemente de compensar a redução da safra americana. Dificultando ainda mais as perspectivas para as safras no Brasil e na Argentina, é possível que ocorra o fenômeno climático La Niña, trazendo tempo seco e prejudicando o rendimento das culturas.

A consultoria agrícola Céleres prevê que a safra de milho do Brasil vai saltar em quase 9% ante um ano atrás, para 58,39 milhões de toneladas. A safra da soja deve aumentar apenas 0,4%, para um resultado recorde de 75,18 milhões de toneladas. A Argentina deverá plantar a mesma quantidade de soja de um ano atrás, enquanto a semeadura do milho está subindo de 9% a 10%, disse Ricardo Baccarin, vice-presidente da corretora Panagricola.

O pequeno crescimento da safra de soja sul-americana piora o cenário, já que se espera uma queda de 7,3% na produção da oleaginosa nos EUA. As agências governamentais americanas estão projetando que a oferta de fim de safra nos EUA, em meados do ano que vem, chegue a 165 milhões de bushels. É um número 27% inferior ao da oferta de fim de temporada na safra 2010-2011 que acaba de terminar, e fornece uma reserva equivalente a apenas cerca de 20 dias de demanda.

A Goldman Sachs, em relatório recente, previu que os preços da soja vão subir ao longo dos próximos 12 meses, com a produção se esforçando para acompanhar o ritmo da demanda. O banco citou como principais ameaças a concorrência de outros plantios pelas terras agrícolas e o potencial mau tempo na América do Sul.

Fonte: The Wall Street Journal.


Guilherme Viana (MTb / MG 06566 JP)
Jornalista da Embrapa Milho e Sorgo
Tels: (31) 3027-1272 / (31) 9733-4373
gfviana@cnpms.embrapa.br

 

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