Milho: mercado interno teve liquidez baixa em janeiro - Cepea
19/2/2008 11:18:19



Em janeiro, o mercado interno de milho operou com liquidez relativamente baixa. Produtores demonstraram pouco interesse em novas vendas, apesar de alguns buscarem a liquidação de lotes da temporada anterior, liberando os armazéns para a entrada do milho da safra 2007/08. Compradores, por sua vez, mostraram-se abastecidos com as aquisições realizadas nos últimos meses de 2007.

Desse modo, preferiram aguardar o avanço da colheita, na expectativa de cotações mais baixas. Somente os lotes ofertados nos leilões do governo atraíram a atenção de compradores, principalmente daqueles situados em estados deficitários de milho.

Nesse cenário, o Indicador ESALQ/BM&F (região de Campinas SP) recuou 13,2% em janeiro. Na média das regiões pesquisadas pelo Cepea, a queda foi de 12,5% nos mercados de balcão e de lotes. A média mensal de todas as regiões analisadas foi 8,5% menor que a de dezembro/07 nos mercados de balcão e de lotes, mas 40,4% superior à de janeiro/07 no mercado de balcão e 36% no de lotes.

Quanto à colheita, as condições foram satisfatórias, com a produtividade devendo ser mantida nos níveis dos últimos anos. Devido ao atraso no plantio em relação aos anos anteriores, a concentração da colheita de milho deve ocorrer no mesmo período que o da soja, entre fevereiro e março. Desse modo, agentes precisarão vender mais milho no correr das atividades de campo para liberar espaço para a soja, que, por sua vez, tem maior produção, aumentando a pressão sobre as cotações do milho. No mercado futuro (BM&F), os vencimentos Março/08 e Maio/08 sinalizaram preços inferiores a R$ 24,00/saca e R$ 23,00/sc, respectivamente, na última semana de janeiro. Esses valores já haviam sido observados em agosto de 2007 para o contrato Setembro/07 período anterior às altas expressivas apresentadas neste mercado.

Surpreendendo agentes de mercado, as vendas antecipadas de milho ocorreram de forma expressiva neste ano-safra. Segundo a Seab/Deral, até o dia 28 de janeiro, a comercialização de milho no Paraná já havia atingido 13% da produção da safra de verão. Ao mesmo tempo, começam a aparecer alguns registros de exportação de milho, com destino, quase que exclusivamente, para a Europa. Isso fez com que as cotações no porto de Paranaguá se estabilizassem no final do mês, após terem recuado 10% em janeiro. Caso essa tendência prevaleça, as cotações podem permanecer firmes pelo menos nas regiões mais próximas ao porto, ainda que em período de colheita. Além disso, empresas consideradas de grande porte estão negociando o milho com o mercado externo, mas com possibilidade de internalizá-lo caso as cotações no mercado doméstico sejam maiores. Em um primeiro momento, essa ação pode contribuir para enxugar a oferta doméstica.

Agentes também devem voltar as atenções ao plantio da safrinha. Apesar dos preços atrativos, expressivamente maiores que os do ano passado, o custo de produção do milho safrinha tem preocupado produtores. Nos estados de Mato Grosso e do Paraná, que respondem por dois terços da oferta da safra de inverno, produtores já sentiram a pressão dos custos em janeiro. Os preços de fertilizantes, em especial, vêm subindo fortemente a cada dia, devendo impactar expressivamente nos custos de produção total. Em Mato Grosso, o custo médio de compra do fertilizante 08-16-16 passou de R$ 820,00/t na safra 2006/07 para R$ 1.040,00/tonelada jan/08, aumento de 26,8%.

Outros insumos também apresentaram altas, como o glifosato. No agregado, o custo de produção de milho tem apresentado um aumento médio de 7% em relação à safra anterior.

Outro aspecto que ainda gera incertezas para 2008 está relacionado ao volume a ser exportado. Em 2007, as 10,9 milhões de toneladas embarcadas representaram aproximadamente 21% da produção brasileira, gerando uma restrição na oferta interna considerando um consumo nacional de 40,5 milhões de toneladas e uma produção de 51,3 milhões de toneladas. Para 2008, a Conab estima que sejam exportadas 9,5 milhões de toneladas, com o consumo interno crescendo para 44 milhões de toneladas e a produção totalizando 53,4 milhões de toneladas mais um ano de oferta "justa".

Nesse sentido, é a produção de milho safrinha que deverá continuar sendo o fiel da balança quanto ao percentual a ser direcionado para os mercados interno e externo. Em 2007, do total exportado pelo Brasil, 37,3% tiveram como origem o Paraná e 33,9%, o Mato Grosso. Outros 8,3% foram de Goiás, 7,9%, do Mato Grosso do Sul, 5,5%, de São Paulo, 3,8%, do Rio Grande do Sul, 2,3%, de Santa Catarina e 1%, de Minas Gerais.

Os volumes embarcados por estado tiveram participação expressiva sobre a produção local. As exportações do Paraná representaram 29,3% da produção total da safra 2006/07, as do Mato Grosso, 63%, as de Goiás, 23,4%, as de Mato Grosso do Sul, 29%, as de São Paulo, 15,1%, as do Rio Grande do Sul, 7%, as de Santa Catarina, 6,4%, e as de Minas Gerais, 2%.

Em 2007, as exportações brasileiras foram direcionadas para 36 países.

Apenas Espanha e Irã compraram 51,7% e outros 8 países (Portugal, Holanda, Coréia, Itália, França, Alemanha, Bélgica e Irlanda) adquiriram 39% do volume total. Assim, os principais compradores foram da Europa e do Oriente Médio. A Europa deve precisar de uma maior quantidade de produto importado neste ano e o Oriente Médio deve manter suas compras. A partir disso, essas duas regiões devem representar 21,8% das importações mundiais, de 92,92 milhões de toneladas, na safra 2007/08. O Brasil deverá ser um dos principais exportadores, com aproximadamente 10% do market-share mundial.

As informações partem da Assessoria de Imprensa do Cepea.

Fonte: IG, 18 de fevereiro

 

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