Chuva pode comprometer qualidade do milho
28/06/2013 12:36:46



Precipitações atrasam o início da colheita do grão em todo o Estado, preços ao produtor se mantêm estáveis

Folha Web

Com as colheitadeiras paradas, os produtores que plantaram milho neste inverno estão apreensivos devido ao elevado volume de chuva que vem ocorrendo sobre as principais regiões produtoras do Paraná. Até o momento, 3% da área foi colhida. Em comparação com a média das últimas três safras, segundo dados do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), o percentual de colheita, até o momento, é 3% inferior.

Juliana Yagushi, pesquisadora do Deral, afirma que a chuva não deve comprometer muito a produtividade do grão, mas sim a sua qualidade. "Teremos que esperar até o final da colheita para saber os prejuízos que essa chuva causou na produção", observa. Segundo ela, em regiões onde o grão foi plantado mais cedo, como no Norte paranaense, a chuva beneficiou as lavouras por estarem na fase de frutificação, mas no Oeste e Noroeste, onde o milho já está pronto para ser colhido, as chuvas atrapalham o início da colheita. A falta de luminosidade, acrescenta Juliana, é um outro fator que pode prejudicar a produção do milho segunda safra neste inverno.

Segundo dados do Simepar, entre os dias 1 e 25 de junho, a precipitação na região de Londrina foi de 217 milímetros e em Maringá de 223 milímetros, o mesmo volume registrado no ano passado. "No ano passado não teve queda de produção, mas pode ter perda na qualidade", avalia a especialista. Ainda de acordo com dados do Simepar, a média do Estado nos dias mencionados foi de 120 milímetros, o equivalente à média histórica, segundo avalia a pesquisadora do Deral.

Juliana ainda ressalta que a demora na colheita do grão não deverá atrasar o plantio da soja na safra 2013/14. "O intervalo normal entre as safras não permitirá que o milho avance", completa Juliana.

Alex Fernandes Calis, supervisor de assistência técnica da Cooperativa Coamo, de Campo Mourão, afirma que os associados estão apreensivos. "Iniciamos a colheita, mas já interrompemos devido à chuva." Segundo ele, ainda é cedo para quantificar os prejuízos desse excesso de água, mas a qualidade do grão poderá ficar comprometida. Calis revela que em algumas regiões de atuação da Coamo choveu em torno de 400 milímetros.

"Já tem milho apodrecendo no pé", lamenta a agricultora Olga Agulhon. Ao todo, ela destinou uma área de 192 hectares para o plantio da segunda safra do grão na região de Ivatuba, 96 hectares em Terra Boa e 28,8 hectares em Araruna, todas localizadas no Norte do Estado, onde muitas plantas já apresentam queimaduras. Conforme ela, há regiões em que não há como chegar na propriedade. Nas áreas em que Olga consegue acessar, ela conta que já há sinais de erosão devido ao excesso de água. "Ainda não temos ideia de quanto e quando vamos colher", observa a produtora.

Produção

O último levantamento de safra do Deral apontou um ligeiro aumento de área de milho nesta segunda safra em relação ao último balanço divulgado pela entidade. Dos 2,15 milhões de hectares estimados anteriormente, a atualização dos dados apontou que a área destinada para o milho foi para 2,17 milhões de hectares. Em decorrência dessa elevação, a estimativa de produção passou de 10,8 milhões de toneladas para 10,9 milhões de toneladas. Na safra 2011/12, o Estado destinou uma área de 2,03 milhões de hectares e produziu 9,91 milhões de toneladas.

Ainda de acordo com dados do Deral, o preço do milho tem se mantido estável, apesar da chuva. Ontem, a saca de 60 kg do cereal era comercializada, em média, a R$ 21,14 no Estado. O último levantamento semanal do Deral apontou ainda que entre os dias 17 e 21 de junho o produtor recebeu, em média, R$ 19,55 pela saca de 60 kg de milho.

Na região de Londrina, o preço pago ao produtor ontem ficou em R$ 20,80/saca. No mesmo mês do ano passado, o preço girava em torno de R$ 19,96/saca no Estado, sendo que o melhor valor recebido pelos produtores atingiu R$ 26,92/saca em dezembro de 2012.

Ricardo Maia

Fonte: Universo Agro, 28 de junho

 

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