De estrela, milho deve ser 'patinho feio' da agricultura de MT em 2014
02/01/2014 11:15:05



Mesmo com produção revisada, haverá baixa no volume a ser colhido.

Renda com a cultura deve sofrer uma queda, segundo projeção.

Leandro J. Nascimento

Do G1 MT

A temporada 2012/13 consolidou um recorde na produção mato-grossense de milho safrinha. Nunca antes se produziu tanto, chegando à marca inédita de 22,5 milhões de toneladas. Os níveis de preços de mercado atraentes e mais vantajosos que algumas das commodities concorrentes provocaram uma verdadeira corrida no campo e fizeram muitos agricultores apostarem no produto. Mas o cenário que era motivador mudou e perdeu o encantamento.

Depois de ser a ‘estrela’ nos campos de Mato Grosso, o milho deve se tornar o patinho feio. A produção em 2014 vai cair, a área diminuirá e a renda sofrerá um baque. "O milho começou a ser o mocinho já em 2012 quando os preços estavam em alta e todos [os produtores] correram para plantar. Em 2013 a área disparou e a produção cresceu. Mas para 2014 o cenário é ruim e com preços e produção menores e custos [de produção] maiores", diz Rui Prado, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato).

O Imea - Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária - ligado ao agronegócio deste Estado - prospecta uma área 12,26% menor para a cultura em 2014, próxima de 3,25 milhões de hectares. Já produção está calculada em 17 milhões de toneladas, 24,2% abaixo deste ano.

"A tendência é que o milho tenha queda na produção e no preço, isto em virtude da supersafra brasileira e americana", pondera Otávio Celidônio, superintendente do Imea. O desestímulo vindo dos baixos preços do milho em 2013 e a alta no custo de produção da safra 2013/14 fizeram o produtor repensar no plantio da safrinha. Muitos ainda não compraram seus insumos para a próxima temporada.

A combinação preços e produção menores vai fazer a renda agrícola com o milho cair consideravelmente. O Valor Bruto de Produção (VBP) deve passar de R$ 5,1 bilhões de 2013 para pouco mais de R$ 3,6 bilhões no próximo ano, uma diferença negativa de 28%, segundo o Instituto Mato-grossense . Esta será a maior queda prevista dentre as culturas agrícolas.

O VBP é considerado um termômetro da economia rural e que serve como indicador de receita no campo, obtido pela multiplicação entre o preço de mercado e a produção. "Em 2013 o produtor conseguiu colher mais de 100 sacas por hectare com o milho, mas agora a média baixa. Vai diminuir porque o produtor deixará de investir mais em tecnologia e isso é uma consequência", complementa Rui Prado, da Famato, referindo-se à produtividade das lavouras.

2013 de intervenção

Em 2013 a margem negativa de preços levou o governo federal a intervir em Mato Grosso, realizando leilões para venda e escoamento do produto, e que comercializaram 8,36 milhões de toneladas. Foram investidos R$ 451,9 milhões em subvenção econômica em um total de dez leilões de Pepro.

De acordo com o Imea, o estado encerra o ano com a saca de 60kg com a média de R$ 13, 72.

Fonte: G1, 30 de dezembro

 

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