Crise deve reduzir área de algodão e milho no Oeste da Bahia
29/10/2008 10:57:17



A escassez de crédito no mercado e os altos custos de produção obrigaram o produtor de algodão e milho do Oeste da Bahia a diminuir a área plantada com essas culturas, optando pela soja, que, atualmente, é a alternativa mais interessante dentre as lavouras consolidadas na matriz produtiva do cerrado baiano, devido aos baixos custos de produção. Os números da última safra agrícola do Oeste da Bahia e a primeira estimativa de intenção de plantio para a safra 2008/09 foram discutidos pelo Conselho Técnico da Aiba, em reunião que contou com a participação de representantes da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), IBGE e representantes das indústrias do setor. A estimativa será revisada no final de novembro, quando haverá sinalização mais clara de plantio.

A soja é a commodity de mais baixo custo de produção, dentre as três principais culturas da região, soja, milho e algodão. Para produzir um hectare de soja o produtor tem custo médio de R$1,4 mil, com faturamento estimado de R$1,53 mil por hectare, garantindo margem líquida de lucro de 9.29%. Já o milho custa R$2.1 mil por hectare, com faturamento estimado de R$2,2 mil e 4,76% de rentabilidade. O algodão, por sua vez, tem custo de R$4 mil, faturamento de R$ 4,4 mil e rentabilidade de 10%.

Confira o cenário traçado para as quatro principais culturas da região:

Soja - A área deve passar dos 935 mil hectares da última safra para 958 mil hectares, o que representa elevação de 2,46%. Dos novos 23 mil hectares de soja na região, parte será cultivada em áreas antes ocupadas pelo algodão. A previsão de produtividade para a próxima safra é de 45 sacas por hectare, ante as 50,6 sacas colhidas em 2008. A estimativa conservadora decorre da tendência de redução do nível de tecnologia. Se as previsões se confirmarem, a região Oeste terá uma safra de soja menor em 2009, com produção total de 2,59 milhões de toneladas, contra 2,84 milhões neste ano.

Algodão - De acordo com os números apurados pela Abapa, na safra 2007/08 foram colhidas 1,19 milhão de toneladas de algodão nos 293,4 mil hectares ocupados pela cultura na região Oeste. A produtividade média, que superou as expectativas, foi de 270 arrobas por hectare. Em pluma, com rendimento de 39,6%, a média foi de 106,9 arrobas/ha, totalizando 470,6 mil toneladas. Para a próxima safra, os produtores sinalizam uma redução de 3,86% na área cultivada, que deve passar para 282,1 mil hectares, com produção total de 1,10 milhão de toneladas, considerando uma média de 260 arrobas por hectare.

A elevação dos custos de produção, a retração nos preços da pluma e a concorrência de outras commodities, que sinalizam cotações mais positivas, são os fatores que mais influenciam a tendência de redução na área do algodão.

Milho - Consolidados os números da colheita, a produtividade de milho na região divulgada na quarta estimativa, publicada em maio pela Aiba, foi revisada e passou de 114 para 118 sacas por hectare. Assim, a região fechou a safra com 1,31 milhão de toneladas produzidas em 185 mil hectares.

Para a safra 2008/09, há uma tendência de retração na área, para o patamar de 180 mil hectares. Essa redução, em decorrência das condições de mercado para o cereal, só não será mais acentuada devido a necessidade do seu cultivo para rotação de cultura. A estimativa inicial é de produtividade de 110 sacas por hectare.

Café - Os números finais da safra de café colhida em 2008 só serão divulgados após a próxima reunião do Conselho Técnico, na segunda quinzena de novembro. A colheita atrasou, e ainda há propriedades finalizando a colheita do café de chão e o beneficiamento da produção.

Algumas propriedades erradicaram cafezais após a última colheita. Entretanto, não haverá variação significativa de área para a próxima safra, pois estas áreas serão compensadas por novos plantios.

Fonte: Jornal Nova Fronteira, 28 de outubro

 

Últimas Notícias
INDICADORES DE TENDÊNCIA CIMILHO (97): Milho: chove chuva, chove sem parar...
INDICADORES DE TENDÊNCIA CIMILHO (90): China em prol de uma agricultura mais verde, lição para o Bra
INDICADORES DE TENDÊNCIA CIMILHO (89): Etanol de milho com fôlego renovado
INDICADORES DE TENDÊNCIA CIMILHO (88): A retomada das exportações de milho no segundo semestre
INDICADORES DE TENDÊNCIA CIMILHO (87): Entendendo a lógica do comportamento dos preços e do mercado