Milho: Baixa liquidez desestimula produção
29/10/2008 11:39:53



Das 7,7 milhões de toneladas de milho produzidas por Mato Grosso durante a safrinha deste ano, 67,8% já foram comercializadas, contabiliza o Instituto Mato-grossense de Economia Agrícola (Imea). Mas o volume de 2,5 milhões de toneladas do grão ainda estacionado nos silos do estado preocupa os produtores. Pioneiro do cultivo, Rogério Ferrari não vai mais plantar milho em um hectare sequer em 2009.

Há menos de um mês, o Imea já previa uma redução da área plantada de 20%, mas a nova previsão do Instituto a ser divulgada nos próximos dias promete ser ainda mais pessimista. "O custo de produção descolou, é inviável cultivar milho", revela Ferrari. Cada saca do grão a ser colhida ainda em 2009 deve custar R$ 17,70 ao produtor - hoje ele comemora quando negocia a R$ 16. Mato Grosso é responsável por quase 50% do milho brasileiro colhido durante a safrinha. E o estoque de passagem de lá, que no ano passado foi inferior a 100 mil toneladas, este ano deve superar, e muito, o montante de um milhão de toneladas.

O milho que não deixa os silos mato-grossenses é o mesmo que não encontra o caminho de saída das exportações. O consultor Paulo Molinari, da Safras & Mercado, acredita que o País deve exportar apenas 400 mil toneladas do grão em outubro. Essa montanha de milho que se acumula em solo mato-grossense ainda foi incrementada pela alta produtividade verificada no último plantio e pelo aumento da área cultivada, que passou de 1,2 milhões para 1,7 milhões de hectares. "O futuro dessa safrinha ainda é uma incógnita, em 90 dias os armazéns devem estar vazios para a entrada de soja", pontua Seneri Paludo, superintendente do Imea. A capacidade de armazenagem de Mato Grosso é de 19 milhões de toneladas, e a safra de soja a ser colhida é de 17 milhões de toneladas. "Em algumas regiões específicas, pode haver sim um congestionamento pontual dos silos, principalmente no norte do Estado".

Paludo pondera ainda que um estoque desse tamanho limita qualquer tipo de alta dos preços. A saca do milho foi negociada nos últimos dias até por R$ 12,50. Na Serra da Petrovina ela atingiu o preço mais alto, R$ 16,00. De acordo com o Instituto, a evolução de 10,4% no volume de negócios fechados durante este mês é, em parte, resultado da ação de tradings no estado que oferece o grão mais barato do Brasil. A desvalorização cambial teria impulsionado a ação das companhias, que voltaram a comprar o milho brasileiro para formação de lote para exportação, "a conta liquidou um pouco melhor para ela", calcula o superintendente. O mercado interno mato-grossense deve ser responsável pelo consumo total de 1,9 milhões de toneladas de milho, graças aos investimentos no setor de aves e suínos verificados na região. Demanda que não resolve o problema por lá.

"Se o problema fosse só em Mato Grosso... No Brasil inteiro há um grande excedente de milho, que ainda não está no poder do governo. E a partir de fevereiro os produtores têm que desocupar os armazéns de qualquer maneira para a entrada da nova safra. Essa situação vai continuar pressionando os preços, que devem chegar ao mínimo histórico, só ainda não chegaram lá porque o governo fez contrato de opção a R$ 14,28", analisa Molinari. O consultor prevê que este quadro não deve se ajustar até março, e a "retração de área de plantio vai ser generalizada". Molinari até acredita em um futuro recuo no custo de produção, mas para ele nem isso deve voltar a motivar o produtor de milho safrinha.

Fonte: Porkworld, 29 de outubro

 

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