21/8/2009 16:07:22

Após 17 dias de suspensão das operações de apoio à comercialização de grãos e algodão pelo governo, por falta de recursos, o Ministério da Agricultura conseguiu o aval da Fazenda e do Planejamento para retomar os leilões de sustentação de preços. A informação é do ministro Reinhold Stephanes, que espera a oficialização do repasse nesta 6ª feira (21) e prevê a realização da primeira oferta pública já na semana que vem.

A Agricultura obteve, segundo o ministro, R$ 1,5 bilhão para as operações, praticamente todo o montante solicitado, de R$ 1,6 bilhão. "O dinheiro já foi autorizado e vamos liberá-lo de acordo com a necessidade", explicou. A Agricultura precisou solicitar recursos extras porque a expectativa de receita na Pasta este ano não se concretizou. Uma das principais formas de obter dinheiro é por meio da venda dos estoques do governo, mas, com a queda dos preços dos produtos agrícolas e a necessidade de intervenção no mercado por meio de compras, o caixa foi zerado.

Stephanes explicou que, com a retomada das operações, o primeiro leilão será de milho, num total de 790 mil toneladas a serem comercializadas. Destas, 500 mil toneladas serão especificamente negociadas com o grão do Mato Grosso. Os produtores do Estado têm reclamado enfaticamente das perdas causadas pela suspensão das operações. Sem ter para onde escoar o produto, a saída foi estocar o milho em montanhas a céu aberto, ficando sujeito às condições climáticas. "Anteontem choveu, hoje também. Isso não é interessante, pois as perdas são grandes", disse o presidente da Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Glauber Silveira da Silva.

Nessa operação específica de milho da semana que vem, serão utilizados R$ 90 milhões, conforme o Ministro. "Vamos ter outros leilões", garantiu. Pelos cálculos de Silva, o dinheiro será suficiente para escoar aproximadamente 1,5 milhão de toneladas para as regiões compradoras. Ele lembrou, entretanto, que os produtores precisam de recursos para escoar 3 milhões de toneladas do grão. Depois do milho, os próximos leilões serão de arroz, feijão e trigo, segundo Stephanes.

Se os recursos forem mesmo anunciados oficialmente amanhã, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), responsável pela parte prática da oferta pública, realizará o leilão na sexta-feira da semana que vem. Isso porque, o estatuto da companhia prevê cinco dias úteis entre o aviso do leilão e sua realização. "Se amanhã sair o dinheiro, pode ter certeza de que o aviso também vai sair", disse o superintendente de Operações Comerciais da estatal, João Paulo de Moraes.

CAFÉ

O ministro disse ainda que o governo liberará R$ 800 milhões para o café. Deste total, R$ 500 milhões serão voltados para renegociação de dívidas que vencem neste e no próximo ano e que R$ 300 milhões serão utilizados para aquisição. "Estamos agora estabelecendo os critérios de utilização dos recursos."

Fonte: Cruzeiro do Sul, 20 de agosto